18 de abril de 2008

Corda a este relógio, não tinha sido má ideia.

Um bom thriller é como um Corneto. Por muito boas que sejam as pepitas de chocolate no topo, é o afunilar de doces no final que tem de valer o gelado. É por isso que, a determinada altura, muito boa gente quer saltar logo para o outro lado do cone, isto é, para o final do filme. Quando o Corneto, ou, neste caso, o thriller, é bastante bom, é exactamente isso que acontece. A vontade é a de saber logo o desfecho. Resolver o enigma e atribuir culpas. Ora, não é bem isso que acontece nestes mais recentes 88 Minutos de Al Pacino no grande ecrã. Antes de mais, será apropriado dizer que não partilhamos as profecias catastrofistas daqueles que afirmam estarmos na presença de um dos piores filmes de todos os tempos. Assim, de repente, lembro-me de uma mão cheia deles que colocaria à frente deste 88 Minutos (Jon Avnet). Agora, também é verdade que não está aqui um grande motivo de orgulho para os intervenientes. Incluido, Al Pacino. Sim, porque não há lugar para filhos e bastardos. Quanto mais não seja porque não soube escolher o papel. Acontece aos melhores. A Cuba Gooding Jr., muitas vezes.

O filme peca por falta de originalidade, por preguiça na maior parte dos diálogos, e por alguns clichés que, vamos lá, em tão pouco tempo, seriam escusados. A derradeira prova dos nove para saber se o thriller funciona, em termos pessoais, será sempre o persistir da dúvida até final. Sem falsas modéstias, Alvy Singer não é dos mais astutos dos espectadores. Até hoje, e, isto é a mais pura das verdades, contam-se pelos dedos de uma mão, as vezes que identifiquei o criminoso. Disseram-me que O Assassinato de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford, não conta. Quando 88 Minutos estava prestes a chegar ao fim, e pude constatar que o patife era aquele de quem suspeitava, é que ficou tudo estragado. O Corneto, que já vinha perdendo o sabor desde a parte em que entra a bolacha, tinha criado indisposição. Nem tudo foi mau, atenção. O inicio foi bom, e o filme prometia. Não estando ao seu nível, apesar de tudo, ver Pacino a trabalhar é sempre recompensador. Agora, quando as peças encaixam antes do tempo, o puzzle perde a piada. Poderíamos agora partir para analogias de outras coisas que, antes do tempo, perdem a piada, porém, só nos lembramos daquela reacção da Faith Hill. Para todos os efeitos, são 88 minutos que podem parecer um pouco mais.

4 comentários:

inêsgens disse...

Não há como não perguntar: "Porquê, Al?".

:)

Pedro Pereira 77 disse...

Bem fiz eu em ter ficado em casa ontem a ver outro desse grande actor que é o Al Pacino. Ontem foi dia de Serpico e pelos vistos foi o melhor que podia ter feito...
Boa critica Alvy, continua assim.

Alvy Singer disse...

Com tantos argumentos que deve rejeitar, fica, pelo menos, a curiosidade de saber o que terá Al Pacino visto neste projecto para dizer sim. Mas, e acho que aqui até devemos concordar Inês, se há actor que pode errar à vontade, é Al Pacino.

Halloween, sim, foi uma noite ganha. Obrigado.

Anónimo disse...

Em "Cinema é magia", posts recentes sobre piores filmes e adaptações:

http://cinemagia.wordpress.com/

Seja bem-vindo e um abraço.