17 de setembro de 2008

Já o Red dizia "Hope is a dangerous thing".

Aqueles que acompanham, de outras paragens, a escrita deste que se assina, provavelmente, já terão reparado. Mesmo assim, convenhamos, até pode ter passado despercebido. Verdade seja dita, o esforço tem sido sempre no sentido de camuflar este facto. Modéstia à parte, não seria surpreendente ouvir de alguém de bom senso, que Alvy Singer é um tipo sabido, cuja palavra deve ser escutada com ponderação. Caso alguém se entregue a estes textos dessa forma, fica aqui a recomendação para deixar de fazê-lo. É certo que, a cada dia, a experiência aumenta, bem como o conhecimento. No entanto, desde aquele primeiro post no Deuxieme, em Novembro de 2006, existe aqui uma dissimulada sapiência sobre a sétima arte. No entanto, apesar de reconhecer que até entendo qualquer coisa sobre Cinema, a verdade é que nada supera o empenho de fazer passar a ideia que percebo mais disto do que o tipo ao virar da esquina. Agora, para alguém mais perspicaz, isto é algo que salta logo à vista.

Na noite em que o Yada se redefine, sinto que é chegado o momento de acertar as pontas, e deixarmo-nos de rodeios. É chegada a altura de dizer que não passo de um fedelho. De um cinéfilo ainda a cheirar a fraldas, à procura de alimento para sonhos. De um tipo que há meia dúzia de anos nunca tinha visto um Kubrick, um Visconti, ou um Kurosawa. De um rapazola com uma barba de trazer por casa, que por vezes não abre a boca na presença de outros amantes da sétima arte, tal é receio de ser troçado, tantos são os filmes obrigatórios que ainda não viu – que Portugal ganhe o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, se disse algo para além de Olá, boa tarde, na primeira reunião de redacção na PREMIERE. Antes que esta chávena encontre um novo pires é importante sublinhá-lo. Não passo de um fedelho.

Um badameco que adora escrever sobre Cinema, e sonha um dia retirar desta sentença o vocábulo sobre. E, já que estamos numa de ser completamente transparentes, aqui revelo a minha derradeira fantasia. Escrever uma longa-metragem, e saber que esta foi a responsável por um divórcio. Isto porque, segundo uma qualquer corrente filosófica cuja terminação agora me falha, melhor do que fazer o bem, é emendar o mal. No fundo, tudo isto não passa de um desígnio manifesto de tocar vidas. Em Abril deste ano, o Deuxieme não parecia o reduto indicado para este regozijo. Deslocado no tempo e espaço, era necessário criar um novo blog e separar as águas. Hoje, com o regresso da PREMIERE, continuar aqui a escrever sobre Cinema seria o mesmo que dar tiros para o ar.

Faz amanhã uma semana que o telefone tocou por causa do primeiro trabalho para o novo número da PREMIERE. Aliás, foi só na entrega de trabalho que fiquei a saber que estaria novamente a bordo deste projecto. Palavra de honra, nunca soube tão bem ouvir a recomendação Não te estiques nos caracteres. O Yada, por seu lado, continuará. Se calhar, passará a ser um daqueles blogs de fim-de-semana, ou somente de um post por dia, talvez só com uma fotografia. Seja de que maneira for, existe um lado extra Cinema que encontrará forma de ser expelido por aqui. Tudo o resto, volta ao Deuxieme.

Da mesma forma que as palavras fugiam quando pretendia descrever a mescla de sensações ao perder a revista, hoje não é mais fácil espelhar a emoção ao saber que o esforço do José Vieira Mendes não tinha sido em vão. Há uns anos, quando a barba ainda não passava sequer de um mero vestígio, no caminho entre a papelaria da praxe e casa, ao folhear irreflectidamente as páginas da revista, lancei-me sem olhar para atravessar a estrada. Uma travagem brusca permitiu terminar aquele dia do Criswell. Nunca estive tão perto de ser atropelado como naquele dia em que o mestre falou sobre as vicissitudes de um afamado multiplex da capital. Daí que não seja difícil imaginar o quão feliz não estarei por saber que metade desta equação volta a ser real. Só falta mesmo a pura distracção antes de atravessar.

A partir de amanhã, Deuxieme. Caramba, ainda custa a dar isto por adquirido. Também, para quem gosta de Cinema e está habituado a acreditar em impossíveis, nada mais natural do que a concretização de um sonho.

18 de agosto de 2008

Prazer a dobrar.

Esta é aquela altura do ano em que as coisas começam a aquecer. É como a antepenúltima volta na corrida dos 10 000 metros. Uma cotovelada afectuosa aqui. Um chega para lá cordial ali. No fundo, todos começam a querer chegar-se à frente. A temporada de prémios está mais próximo do que se possa pensar. Toronto e Veneza estão ao virar da esquina, e este é o momento em que alguns ficam para trás. Como, seguramente, não é isso que a Mike Zoss Productions pretende para Burn After Reading, o próximo dos Coen, aqui ficam dois novos clips. O primeiro, dedicado a Linda Litzke (Frances McDormand).

O segundo, a Katie Cox (Tilda Swinton).

Spot olímpico.

A qualidade bootleg não dá para muito mais. Ainda assim, feita a ressalva, aqui fica o recente spot televisivo de The Curious Case of Benjamin Button, o próximo filme de David Fincher, com Brad Pitt, Cate Blanchett e Tilda Swinton. Para já, a expectativa continua a ser mais que muita. No entanto, como o /Film alerta, e bem, alguns contratempos parecem surgir nesta altura. Mais uma vez, segundo Anne Thompson, depois de Zodiac, Fincher volta a realizar uma obra demasiado longa. A malta do AICN disseca um pouco mais a questão, e diz mesmo que esta duração cansa o espectador. Que existe, inclusive, direito a repetição narrativa. Ok, assim já engolimos. Dizer que um filme sofre de duração excessiva, parece-nos demasiado subjectivo. Cada um sabe o que faz com o seu tempo e, se o raio da obra enche as medidas, não é por ter mais quarenta e cinco minutos que a casa vem abaixo. Assim de repente, com mais de duas horas e meia, recordo com extrema afeição O Caçador, Danças Com Lobos, O Resgate do Soldado Ryan, e o próprio Zodiac. Agora, se o tempo se deve a duplicações, já não é bem assim. Há que ver isso, sôr Fincher. Fora isso, se vier como o anterior, a gente agradece.

O ano de Downey.

Até agora, podemos dizer que Robert Downey Jr. estará a ter, provavelmente, um dos melhores anos da sua carreira. No final, quiçá, o melhor de todos. Apesar de alguns detractores, a verdade é que Iron Man (Jon Favreau) conquistou milhões de admiradores pelos quatro cantos do planeta, e aliviou a expectante legião de fãs da BD de Stan Lee. O filme foi um sucesso de bilheteira e, mais importante do que isso, convenceu a critica sempre pronta a apontar o dedo às adaptações de afamados comics. Neste caso, a obra de Favreau passou com distinção e a carreira de Robert Downey Jr. voltou a conhecer limites estratosféricos – impulsionada pelo fato resistente do herói. Mais lá para o fim do ano, o actor nomeado para um Oscar da Academia pela sua interpretação em Chaplin (Richard Attenborough, 1992), deverá regressar ao centro das objectivas, tal é a curiosidade que já existe em torno de The Soloist, o aguardado biopic drama de Joe Wright. Normalmente, um bom desempenho é meio caminho andado para uma nomeação. No entanto, aquilo que muitas vezes faz a diferença é a solidez em outras interpretações, nesse mesmo ano. Caso Downey Jr. venha a ter um trabalho acima da média e diferenciado, em The Soloist, bem que poderá contar com o seu nome nas primeiras listas de potenciais nomeados. Possivelmente, como actor secundário, numa corrida cujo vencedor já há muito parece estar anunciado. Ainda assim, uma nomeação, é sempre uma nomeação – o estilo de La Palice sempre foi bastante apreciado por estas bandas. Contudo, aquilo que ninguém previa é que o seu papel em Tropic Thunder (Ben Stiller) viesse ornamentar ainda mais esta fase do seu trajecto profissional. A obra de Stiller foi recebida com pompa e circunstância, considerada mesmo por muitos a melhor comédia do ano, até ao momento. E, no mesmo destas ovações que temos acompanhado, o elogio ao desempenho de Robert Downey Jr. acaba por assumir uma posição de destaque. Sem quaisquer reservas, Sasha Stone identifica o actor como um dos primeiros candidatos a um possível Oscar. O facto de figurar já na coluna da direita, mostra-nos que isto é a sério. E, ao lermos o que Josh Tyler escreveu sobre a sua interpretação, quase que dá vontade de ir ali buscar um Valdispert para acalmar as hostes.

RDJ runs away with every scene he’s in, and I mean it when I say he deserves an Oscar for what he’s done here. His performance is nearly on par with what Heath Ledger did as the Joker, though since it’s a comedy he’ll never get the kind of credit he deserves for it. There’s never a moment in the film where he’s recognizable as Robert Downey Jr., not even when he takes off his mildly racist prosthetics. It’s a great performance, an epic comedy performance, instantly iconic. Your friends will be running around shouting out Robert Downey Jr. quotes for the next ten years. Here’s my current favorite: “You never go full retard.” Trust me, it’s hilarious in context”.

Foi impressão nossa, ou alguém acabou de comparar este desempenho ao Joker de Ledger? Isto funciona melhor do que mil teasers e quinhentos posters. Obrigatório.

Os Filmes dos Jogos.

A febre dos Jogos Olímpicos passa por estes lados. Até 24 de Agosto, a primeira coisa a fazer de manhã, seja qual for o dia da semana, é correr para a televisão e ver, durante uns breves minutos, o quer que seja. Está a dar em directo? Melhor ainda. Este fim-de-semana, por exemplo, salvo raras excepções, foi inteiramente passado no sofá. Michael Phelps e companhia serviram apenas para solidificar a intenção de marcar presença nos próximos de Londres. Saltos para a água, Natação, Ginástica, Tiro a 10 metros, Tiro a 25 metros, Halterofilismo, Badmington, o que for. Até o Hipismo tem o condão de agarrar. A cerimónia de abertura, dirigida por Zhang Yimou, foi uma entrada com o pé direito. Portentosa, abismal, colossal. Hoje, pegando no tema olímpico, até poderíamos partir para uma dissecação da carreira do cineasta chinês, e falar de filmes como Herói (2002) e Adeus Minha Concubina (1994). No entanto, a abordagem do Yada aos Jogos, tardia diga-se, será outra. Durante esta última semana, traremos aqui alguns dos mais emblemáticos títulos relacionados com as olimpíadas. Após uma primeira pesquisa na diagonal, parece que não há assim tantos quanto isso. Ainda assim, suficientes para fazermos um apanhado jeitoso. A começar pelo chefe de fila, Momentos de Glória.

Realizado por Hugh Hudson em 1981, este foi o filme que catapultou o nome de Vangelis e celebrizou o correr à beira-mar. Vencedor de quatro Oscares, incluindo Melhor Filme, o título de Hudson tornou-se num marco das obras desportivas, afirmando-se como dos mais completos testemunhos sobre a procura de glória e superação pessoal. No centro da história estão o britânico Harold Abrahams (Ben Cross), um sprinter judeu, e Eric Liddell (Ian Charleston), o seu rival conterrâneo e cristão. Após a estreia, alguma criticas quanto ao rigor do biopic surgiram. Alguns elementos foram introduzidos, sobretudo para enfatizar a tensão vivida durante as olimpíadas de Paris. No entanto, naquilo que compõe o arco narrativo, o argumento de Collin Welland não engana o espectador. Sam Mussabini (Ian Holm), foi mesmo o treinador árabe-italiano que revolucionou o espírito e mente de Abrahams e Liddell. Para ambos, o treino até podia ser semelhante. No entanto, as motivações não podiam ser mais díspares. Enquanto Abrahams corre pelo medo de perder, Liddell só quer retribuir a Deus os dotes físicos que lhe proporcionou. Numa altura em que não haviam patrocinadores pressionantes nem contratos milionários, o culto do atlético encontrava outros alimentos. Olhar para este filme filosoficamente tem os seus perigos, e pode desviar-nos do seu real intento. Não recomendável. Vê-lo em tempo de Jogos, isso sim, ajuda. Porque este é daqueles que não tem grandes entrelinhas. É sobre homens a correr na praia, sacrifícios, realização, e triunfo.

Qual é o Filme?

Porque a dúvida persiste, no mesmo filme...

20.

A Entertainment Weekly mostrou-nos recentemente a lista dos 20 filmes que estão para chegar ainda este ano, e que não quer perder, dê por onde der. Concordando e discordando, aqui e ali, olhamos para esta lista e apercebemo-nos imediatamente que isto é resultado de alguém bastante eclético ou de uma equipa equilibrada. Estão aqui títulos para todos os gostos. Nem todos parecem ter pedalada para a árdua temporada dos reconhecimentos, no entanto, isso também não parece ser o mais importante. Estão aqui obras aparentemente oscarizáveis, outras que apenas prometem ser sinónimo de um bom bocado às escuras. A reter o facto de que apenas nove desta lista marcam presença nos trinta mais aguardados do Yada. Aqui ficam os vinte eleitos para a EW.

Zack and Miri Make a Porno,
Rachel Getting Married,
Quantum of Solace,
Australia,
The Road,
Burn After Reading,
Eagle Eye,
Nick & Norah’s Infinite Playlist,
Body of Lies,
High School Musical 3: Senior Year,
Changeling,
Harry Potter and the Half Blood Prince (adiado para o Verão de 2009),
The Soloist,
Four Christmases,
Defiance,
Twilight,
The Curious Case of Benjamin Button,
W,
Marley & Me.

Isto sim, é um convite.

Um trailer apenas pode fazer toda a diferença. Apesar de ser um pouco mais do mesmo, e mostrar a maioria dos shots que o primeiro teaser já tinha tido a gentileza de oferecer, o trailer oficial de Body of Lies vai um ligeiramente mais além. Ryan Adams, do Awards Daily, parece ser capaz de se colocar na pele de um qualquer receoso cinéfilo, que olha para este filme como mais um, no meio de tantos outros, de espionagem. No entanto, Adams já leu a obra de David Ignatious. E, depois destas imagens, os sentimentos de Adams são alívio e esperança. Por aqui, até gostamos do Tony Scott. Contudo, não podemos deixar de entender as palavras de Adams como um elogio, quando este diz que o trailer se parece mais com um trabalho de Ridley Scoot, do que do irmão. Ao mesmo tempo, a aura do livro parece ter sido captada pela pena de William Monahan (The Departed). É certo que isto não passa de uma conjectura mais do que prematura. Porém, ao vermos este trailer, sobretudo a partir do minuto meio, sentimos a expectativa crescer a cada frame. Se dois minutos apenas chegam para ficarmos colados à cadeira, o filme todo deve atirar-nos lá para a última fila da sala.

A parelha.

Righteous Kill (Jon Avnet) é o equivalente às batatas fritas com sabor a chouriço. É o equivalente ao champô e amaciador 2 em 1. É o equivalente aos telemóveis com câmara fotográfica. É o equivalente às velas aromáticas. É o equivalente às águas frutadas. É o equivalente aos óculos de sol graduados. É o equivalente ao relógio que vem também com um cronómetro. É o equivalente àquele livro maior no limite da estante que ampara todos os outros. No fundo, é o equivalente a tudo aquilo que é mais do que uma coisa apenas. A tudo o que tem dupla funcionalidade. Porque, um filme seria ter somente Al Pacino. Um outro filme seria ter apenas Robert De Niro. Agora, ter os dois ao mesmo tempo, isso é um bónus. Aquele Yeah, de Pacino, seguido pelo Fuck Yeah de De Niro... Poesia.

O que se diz por aí.

Até à sua chegada, não verei qualquer imagem. Depois do teaser, confesso não ter passado sequer os olhos pelo trailer. No entanto, fugir às considerações já é mais difícil. De qualquer forma, isto acaba por ser um ciclo vicioso. Quanto mais são os elogios, maior é a vontade – e o esforço necessário – para não ver o quer que seja de Vicky Cristina Barcelona, o próximo de Woody Allen. Contudo, este é um caso à parte. Se amanhã surgisse um teaser de Indy 5, era num ápice. Agora, porque se trata de Allen, à que saborear calmamente. Sim, porque nós, os Woodylianos ferrenhos, que nos mantivemos ao lado do cineasta nos bons e maus momentos – por maus momentos entenda-se um nível superior à maioria dos pares –, sentimos estes louvores ao nova-iorquino de forma diferente. No entanto, porque somos todos cinéfilos, e aquilo de que gostamos mesmo é um bom filme, deliciemo-nos com esta perspectiva de mais uma boa oferta do homem que faz psicanálise há mais de trinta anos, e não consegue encontrar uma resposta. Espero bem que nunca lha dêem. Aqui ficam mais duas apreciações interessantes, sempre com Penépole a despontar.

"This is the genuine comeback, a romantic comedy that's a major summer entertainment with serious underpinnings". – Roger Ebert, Chicago Sun-Times;

"Every performance is top notch, but I have to give special accolades to Cruz, who throws a torch right in the heart of this movie. Maria Elena is both bat-shit crazy and extremely insightful in her observations about her ex-husband's behaviors, motivations and weaknesses". – Capone, AICN;

"Filming in Spain, as with England before it, seems to have rejuvenated Allen, who has put more care into things like composition (the cinematographer here is Javier Aguirresarobe, who shot Talk to Her for Pedro Almodóvar), editing, and performance than was evident in most of his work of the late 1990s and early 2000s. The result is a movie of real energy, levity, and joie de vivre. Then, around an hour or so in, Penélope Cruz makes her entrance". – Scott Foundas, LA Weekly.

Afinal, vem mesmo com os Ferrero Rocher.

Durante bastante tempo, Valkyrie figurou na lista dos filmes mais antecipados para 2008. Por essa razão, foi com desagrado que vimos o adiamento da sua estreia para 2009. No entanto, consequência da Lei da Compensação, que sabiamente tira de um lado para pôr do outro, a MGM anunciou esta semana que o biopic de Bryan Singer chegará mesmo a 26 de Dezembro. Parece que a MGM não acredita ainda nas possibilidades do thriller para os Oscares, e que esta alteração se deve apenas à maior rentabilidade expectável. Mesmo que a nova data seja a mesma em que estreiam The Spirit, The Time Traveler’s Wife, Bedtime Stories, Marley & Me, e Gran Torino. Agora, isto só é gente a mais, se o filme não tiver a qualidade que se espera. E, depois desta antecipação, acreditamos que ele possa ter um pouco mais do que esperávamos. Com, ou sem Oscares.

Quem espera...

No calendário de muitos potterianos, 21 de Novembro tinha já um grande círculo a vermelho. Nalguns casos, circulo esse rodeado por setas, para enfatizar ainda mais. A importância da data assim o ditava, ou não estivesse previsto para esse dia a estreia de Harry Potter and the Half-Blood Prince, nos Estados Unidos. No entanto, a Warner Brothers veio anunciar esta semana que a chegada do filme seria adiada para 17 de Julho de 2009. A razão avançada, para já, é a de que a temporada de Verão é mais rentável, e que a greve dos argumentistas do ano passado resultou num enorme espaço vazio para essa altura, no próximo ano. Até podemos aceitar a justificação, se bem que com alguma desconfiança à mistura, quando vemos que os três filmes da saga estreados no Natal tiveram uma média de receitas de 916 milhões em todo o mundo, enquanto os dois que chegaram no Verão renderam 866 milhões de dólares.

Com todo o buzz à sua volta, podemos questionar o peso que a estreia de Twilight parece estar a ganhar lá mais para o fim do ano. Apesar de chegar às salas apenas a 12 de Dezembro, a adaptação da obra de Stephenie Meyer será uma machada garantida na escalada do box office para qualquer título. Ao mesmo tempo, se o filme estivesse à caça de nomeações aos Oscares, também nos parece mais sensato este adiamento. Este ano, nem Indy deverá ter grandes aspirações às categorias técnicas. Aliás, neste capítulo, o futuro parece demasiado negro para os candidatos mais seguros. No meio disto tudo, a única boa nova é a de que a produção dos próximos filmes não sofrerá alterações. Esperamos mais agora, é certo. Contudo, lá mais para a frente, até parecerá que foram feitos em catadupa.

12 de agosto de 2008

É tudo uma questão de Xs e Ys.

12 de Agosto de 2008 deverá ficar gravado na História como o primeiro dia em que um actor perdeu um papel para uma actriz. Perdeu, desperdiçou, abdicou. A forma como isto foi parar às mãos de Angelina Jolie, não interessa muito. Quer dizer, até interessa. Sobretudo porque o papel estava destinado a Tom Cruise. Que tipo de casting é este que diz, Esperem lá, e se em vez de uma actriz… fosse um actor? O engraçado é que funciona para os dois lados. Isto só vem provar que nada é impossível, e que Jolie factura nas bilheteiras que é uma coisa parva.

Realizado por Phillip Noyce (O Coleccionador de Ossos), e escrito por Kurt Wimmer (Equilibrium), Edwin A. Salt era o thriller na carteira de Tom Cruise. Um filme sobre um agente da CIA acusado ser um espião russo, que tenta escapar à perseguição que lhe é movida, enquanto procura encontrar o verdadeiro infiltrado. Agora, entre outras mudanças ao argumento já a ser trabalhado, teremos obrigatoriamente uma alteração no título. Edwina A. Salt. Hum… Não pega. Grinch 2: How Jolie Stole the Part. Muito melhor.

A saia da Coraline.

Na altura em que uma das competições em voga nos Jogos Olímpicos são os saltos para a água, nada melhor do que falar do projecto a cargo da dupla Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack) e Neil Gaiman, autor de obras como Stardust e The Sandman. Esta é uma dupla que tem tudo para fazer um triplo mortal encarpado à retaguarda, sem visibilidade, e arrancar uma medalha de ouro – não confundir medalha de ouro com estatueta dourada. Depois de WALL•E, e a par de Ponyo on the Cliff e Waltz With Bashir, Coraline é um dos títulos de animação mais aguardados do ano. Não… afinal, parece que não. Só em Fevereiro do próximo ano é que o filme chega às salas norte-americanas. Caramba, ainda vai ser preciso esperar.

Baseado na obra homónima de Neil Gaiman, o filme conta-nos a história de uma jovem rapariga, Coraline (Dakota Fanning), que descobre uma porta misteriosa para um universo paralelo, na sua nova casa. À primeira vista, este novo mundo parece-se bastante com a realidade. Apenas mais fantástico. No entanto, à medida que vai mergulhando nesta fantasia, Coraline apercebe-se que nem tudo é maravilhoso, e será preciso reunir forças e determinação, para abrir novamente a porta misteriosa e regressar a casa. Este featurette dá-nos as boas vindas e convida-nos a conhecer a odisseia de Coraline. Isto pedia mesmo uma estreia por alturas do Natal.

O novo de Almodóvar.

Eis as primeiras imagens Los Abrazos Rotos, o próximo filme de Pedro Almodóvar. O mesmo é dizer, do mais forte candidato, para já, a representar a Espanha na cerimónia dos Óscares de 2010. Ainda sem grandes informações sobre o novo projecto de Almodóvar, continuamos a agarrar-nos às palavras do cineasta, publicadas neste artigo da Variety. “Fate, the mystery of creation, guilt, unscrupulous power, the eternal search of fathers for sons, and sons for fathers”. Ora aqui está uma maneira de encher chouriço, sem nada dizer. As primeiras indicações apontam para uma história passada nos anos noventa, mas filmada com a sensibilidade de um noir dos anos cinquenta. Foi mais ou menos esta combinação explosiva, a par de um argumento do outro mundo, que tornou Os Suspeitos do Costume (Bryan Singer, 1995) num dos meus mais que tudo. A ver vamos, se Almodóvar continua em excelente forma. Bianca Portillo, Lluis Homar, e a inevitável musa Penélope Cruz, encabeçam o elenco.

Realidade imita a ficção.

Para quem nunca viu Serenata À Chuva (Stanley Donnen e Gene Kelly, 1952), duas sugestões. A primeira, que parem imediatamente de fazer aquilo que estão a fazer, e se mexam rapidamente no sentido de arranjar o Dvd desta preciosa obra. Depois do visionamento, nada será o mesmo. Palavra de cinéfilo. A segunda sugestão, essa ainda mais premente, que parem imediatamente de ler este post. Major spoiler, right ahead. Caso contrário, lá se vai a beleza daquele memorável final.

Para todos os outros, para aqueles que já tiveram o prazer de se cruzar com este extraordinário musical, aqui fica uma chamada de atenção para este artigo publicado hoje no site da CNN. Parece que a voz de Ode to Motherland, canção ouvida por biliões de pessoas quando a bandeira da China entrou no Ninho do Pássaro, durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, não pertencia à pequena Lin Miaoke. Yang Peiyi, na opinião dos organizadores, menos fotogénica, foi a verdadeira cantora longe das câmaras. Chen Qigang, director musical da cerimónia, afirmou tratar-se de uma decisão forçada para salvaguardar os interesses nacionais. Era esta a justificação que faltava. Mais uma vez, estou ao lado da Kathy Selden desta história. Se bem que a pequena Lina Lamont não tenha culpa nenhuma. Caraças, ninguém tinha avisado que o lema destes Jogos era Mais Alto, Mais Forte, Mais Longe, Mais Bonito.

Pronto para a luta.

As primeiras fotos de The Wrestler estão aí, como que a relembrar-nos que há um filme de Darren Aronofsky por estrear este ano, e do qual ninguém fala – vimos esta frase hoje escrita em algum lado, e a carapuça servi-nos na perfeição. Em menos de um mês o filme passará por dois festivais de peso: Toronto e Veneza. Neste último fará parte da selecção oficial. The Wrestler gira em torno de Randy ‘The Ram’ Robinson (Mickey Rourke), um veterano profissional do wrestling, que mal ganha a vida no circuito independente. A vida já não corria bem, quando um médico lhe diz que pode morrer a qualquer instante, caso continue a combater. Cassidy (Marisa Tomei), uma amiga stripper, e a distante filha Stephanie (Evan Rachel Wood), completam o quadro principal deste filme. Seguramente, um regresso aguardado do cineasta. Seja pela incompreensão perante The Fountain, depois do aclamado A Vida Não É Um Sonho, e querer agora reencontrar o calor de Aranofsky. Seja porque os dois filmes anteriores foram mesmo sonhos tornados realidade e, agora, vinha mesmo a calhar um terceiro. Aguardemos pelo tão esperado trailer e por reacções festivaleiras além-fronteiras.

11 de agosto de 2008

Prince.

Nisto de photos on set, o Just Jared não costuma brincar em serviço. Vai actor (Jake Gyllenhaal), vai namorada de mão dada (Reese Whiterspoon), vai tudo. E, nós agradecemos. No site estão mais quatro fotografias, as primeiras a serem conhecidas. Prince of Persia: The Sands of Time tem estreia marcada, nos Estados Unidos, para 28 de Maio de 2010. Ainda há muito que penar. A avaliar pelos músculos de Gyllenhaal, o actor foi quem começou primeiro.

Sete anos de azar, era antes.

O bom desta moda dos primeiros minutos de um filme serem disponibilizados na net, é o de permitir um contacto mais próximo com o mesmo. Não é a mesma coisa ver um par de calças na montra, e senti-lo na mão. Não é a mesma coisa ter um par de calças nas mãos, e entrar no provador para testá-lo. E, mesmo assim, nada nos garante que, quando saímos à rua, o resultado seja inteiramente do nosso agrado. Por isso, mais do que servir para percebermos até que ponto queremos ver um determinado filme, esta nova prática serve sobretudo para percebermos se não queremos ver um determinado filme. Depois disto, quem não ficar com vontade, dificilmente algum dia se deslocará à bilheteira para adquirir ingresso. Isto porque sabemos que, regra geral, os primeiros minutos tendem a ser os mais cativantes de toda a obra. Se o inicio não prende, não é lá para o meio quando já estamos à deriva em mar alto, que a corrente começa a ficar a favor. Felizmente, há excepções. Tão raras, que agora não nos recordamos de qualquer uma.

Realizado por Alexandre Aja, responsável pelo remake de 2006 do clássico Os Olhos da Montanha (Wes Craven, 1977), Espelhos promete os maiores sustos da temporada. Protagonizada por Kiefer Sutherland, esta é a história de um ex-policia e da sua família, perseguidos por uma força maquiavélica que recorre a todo o tipo de espelhos para nunca deixar de estar no encalço. Nem mesmo em casa, a família Carson está segura. Depois destes primeiros três minutos – é necessário colocar uma data de nascimento para ter acesso ao vídeo –, aquilo que podemos dizer é que o tacto das calças não foi o melhor. Tipos que se olham ao espelho, com medo do reflexo, até pode ser uma boa premissa. No entanto, não para esta altura do ano. Isto são calças para usar em meia estação. Talvez a 25 de Setembro, data de estreia do filme, já esteja melhor tempo. Por agora, aqui fica o vídeo, com a ressalva de que aquela reunião do staff de Lucy Liu, em Kill Bill, ao pé disto, é uma zaragata de miúdos. Aqui degola-se bem.

Crónica de uma obsessão anunciada.

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Desde a chegada do sorteio-mor, que muitos de nós adquirimos o hábito de dizer Caraças, se amanhã ganhasse o Euromilhões… O desabafo normalmente seguido por uma barbárie qualquer que normalmente habita somente no reino dos sonhos ou, na melhor das hipóteses, no imaginário de Tim Burton. No entanto, nem todas as satisfações de desejo requerem um encaixe financeiro na ordem dos milhões. Veja-se o exemplo do monge de Le Moine et Le Poisson, uns posts mais abaixo. Cada um tem os seus peixes. E, estes podem ser maiores, ou mais pequenos. De há uns dias a esta parte, um que nem é assim tão grande, tem-me perseguido sobremaneira. Acordo a pensar nisto. Adormeço a pensar no mesmo. Caramba, até quando olho para um copo de água vejo à tona o título The Heartbreak Kid. A agitar-se levemente. E, é o dia todo nisto.

Tráfico de influências é a expressão a reter. Recentemente fui alvo de uma injecção altamente lisonjeira sobre o original de 1972, realizado por Elaine May – recordemo-nos do remake com Ben Stiller, Malin Akerman e Michelle Monaghan, em 2007. Ao contrário de ilustres cinéfilos, longe de ser uma enciclopédia cinematográfica – quanto muito, serei um daqueles dicionários de bolso que têm na capa o anúncio Com mais de 1000 vocábulos! –, desconhecia que a obra realizada pelos irmãos Farrelly, no ano que passou, era uma nova versão de um filme de Elaine May. Sem grande interesse no filme, relembro ter visto o trailer e pouco mais. Daí que, depois de ter descoberto esta relação, as coisas tenham mudado um bocado. No entanto, aquilo que pretendo realmente conhecer com urgência é o intemporal – termo utilizado pelo cinéfilo facilmente confundido com comercial – filme da década de 70. Uma história sobre arrependimentos matrimoniais, em plena lua-de-mel, com Cybill Shepherd, Jeannie Berlin, e Eddie Albert. Quando um filme nos é apresentado como uma das mais radiosas reminiscências de A Primeira Noite, é porque temos de tirar duas horas da nossa vida para isto. Apesar da parca qualidade, aqui fica o trailer do filme. Se alguém já tiver passado os olhos por Casei-me Por Engano, título em português, e tiver algo contra esta causa, que se pronuncie agora, ou cala-se para sempre – porque o tema do filme é casamento, pareceu-nos apropriado o recurso a este dito fatalista.

Guerrilla - O Poster.

Photobucket

Ora aqui está um cartão-de-visita bem jeitoso, com o qual nunca nos tinhamos cruzado. Assim de relance, apesar de faltarem uns quantos cubos, diríamos que até tem traços de Picasso. Pintura nunca foi uma área muito explorada. Contudo, acho que reconheço uns bons rabiscos quando os vejo. De qualquer forma, vontade para ver este título já havia. E muita. Agora cresceu mais um bocadito. O January 2007 é que não se sabe muito bem de onde é que caiu.

Can you dig it?

Isaac Hayes, a voz grave por detrás do Chef de South Park, deixou-nos este Domingo, aos 65 anos. Autor de uma das músicas mais cool de sempre a levar o Oscar para casa, o inesquecível tema de Shaft (Gordon Parks, 1971), Hayes era o Mr. Funk que Hollywood justamente sempre acarinhou. O inicio do filme, que permanece como um dos maiores marcos da Blaxploitation, com Richard Roundtree a passear-se por Nova Iorque ao som de Shaft, é uma bela página na História do Cinema.

10 de agosto de 2008

Why so serious, son?

Se não fosse por mais nada, rever The Dark Knight valeria a pena só pelo prazer de ver Heath Ledger explicar novamente como ficou com aquelas cicatrizes. Ver um filme destes é uma experiência soberba. Revê-lo, é ainda melhor. Da primeira vez, somos completamente engolidos. Tantos são os momentos em que olhamos boquiabertos para o grande ecrã, que alguns dos pormenores mais deliciosos ficam esquecidos entre suspiros. Wally Pfistir é uma das principais culpadas. A sua fotografia, de tão arrebatadora, quase chega a ferir a vista. No entanto, com um segundo visionamento, percebemos facilmente que a nossa atenção fica à deriva devido a outros elementos. A banda sonora de James Newton Howard e Hans Zimmer é um deles. Da primeira vez, ficou a dúvida. Contudo, desta vez, já foi possível confirmar as similitudes com a partitura de Jonny Greenwood, em Haverá Sangue. Em ambos os casos, acordes angustiantes, que tardam a anunciar um futuro risonho. Presente em quase toda a acção, a banda sonora é a confirmação de que algo não está bem em Gotham City. Não é preciso o Joker aparecer. Basta ouvir as cordas.

Se não fosse por mais nada, rever The Dark Knight valeria a pena só pelo prazer de ver novamente os cortes em que, sob a batuta da montagem de Lee Smith, a câmara passa da Juíza Surrillo, para o Comissário Gillian B. Loeb, para a festa organizada por Bruce Wayne, para voltar ao Comissário Gillian B. Loeb, para voltar à festa organizada por Bruce Wayne, para voltar à Juíza Surrillo, vezes sem conta, com a música sempre em crescendo, antes de o Joker entrar em cena. Todo e qualquer instante com Heath Ledger, é um regalo. O olhar perdido no tecto. O tique da língua. O registo de voz, agora mais aguda, agora nem tanto. O andar. Para ver, e rever. Tudo nele é admirável. E, de certa forma, esta admiração é transposta para a personagem. Agora, resta saber até que ponto esta projecção de fascínio está prevista no argumento. Será que também era previsível sentirmos empatia pelo Neil McCauley de Roberto De Niro, em Heat (Michael Mann, 1995)? Ou pelo Frank Lucas de Denzel Washington, em Gangster Americano (Ridley Scott, 2007)? Em The Dark Knight, passa-se precisamente o mesmo. A certa altura, Joker diz que ele e Batman estão destinados a lutar a vida toda. É exactamente o que pretendemos. Que este combate jamais termine. Que o bem prevaleça, é certo, mas não porque o mal tenha de perder. Provavelmente, o argumento dos irmãos Nolan já tenha sido arquitectado com esse objectivo. Mesmo que assim seja, mérito seja dado a Heath Ledger por concluir o trabalho com distinção. E, que distinção.

Se não fosse por mais nada, rever The Dark Knight valeria a pena só pelo prazer de ver novamente dois barcos perdidos em pleno rio. Da primeira vez, ao sair da sala, a sensação foi a de ter visto um filme soberbo. Um dos melhores do ano, sem sombra de dúvidas. Da segunda vez, foi ainda melhor. A terceira será esta semana.

Concentrado de Nárnia.

No intervalo de uma semana, tive oportunidade de ver As Crónicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (Andrew Adamson, 2004), como preparação para o segundo capítulo, actualmente em exibição nas nossas salas; ver esse tal segundo tomo, As Crónicas de Nárnia: Príncipe Caspian (Andrew Adamson), e lançar-me na leitura daquele que é o primeiro livro da saga narniana, As Crónicas de Nárnia: O Sobrinho do Mágico. Durante uma semana, isto é que tem sido dedicação e entrega ao legado de C.S. Lewis. Duvido que, nos últimos dias, tenha existido maior entusiasta do universo para além do guarda-roupa do que Alvy Singer. De um lado, o diabinho de Harry Potter, a dizer que mundos mágicos só em Hogwarts. Do outro, um anjo em forma de fauno, a dizer que a fantasia de Nárnia não existe em mais lado nenhum.

No cômputo geral, ambos pareceram títulos sólidos e bem conseguidos. Sem ter lido qualquer uma das obras que estiveram na base destes filmes, será impossível avaliar o rigor da adaptação, e saber até que ponto as versões cinematográficas estão fiéis aos livros. Contudo, após sondagens recolhidas à boca das urnas, a opinião de que Adamson está a respeitar os originais é maioritária.

Sobre os filmes, dizer que não há grandes alterações entre o primeiro e o segundo é somente meia-verdade. Isto porque o primeiro filme não perde muito tempo com o mundo real – o segundo mal lhe toca. No entanto, só recentemente fiquei a saber que é em O Sobrinho do Mágico que a grande parte das coisas é aclarada. Como, por exemplo, a origem de Nárnia. Como O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa não se preocupa por aí além com a contextualização, ambos os filmes acabam por seguir um pouco a mesma fórmula. Imaginação, acção, meia bola e força. Num primeiro momento da história, ninguém parece realmente seguro das suas capacidades. Um pouco da síndrome Eu nem devia estar aqui, que tenho outros afazeres. No entanto, um sentido de responsabilidade e justiça superior, apanágio dos grandes líderes e heróis, emerge entretanto. Os maus ficam piores. Os bons, melhores. A batalha prepara-se. Os técnicos de efeitos especiais entram em campo, e temos clímax. Dito desta forma, até parece que tudo isto não passa de um exercício matemático, e que estes são apenas mais dois títulos com finais previsíveis a acrescentar a um extenso rol. Longe disso.

Estes são dois belos filmes Disney, com ténues diferenças entre si. No entanto, ressalta a ausência de um vilão mais presente em o Príncipe Caspian, bem como um aumento notório de agressividade, do primeiro para o segundo. A certa altura, dei por mim a pensar que este seria provavelmente o filme Disney mais violento da História. Hoje, a dúvida persiste. Quando um dos protagonistas decapita um adversário, e a cabeça ainda rola no chão durante uma fracção de segundo, é porque não estamos perante uma obra dos oito aos oitenta e oito. Ainda assim, é certo que faz bem a uma criança ver que o mundo está longe de ser um mar de rosas. No entanto, isto pode ser particularmente confuso quando temos esquilos falantes. Acima de tudo, parece-nos que são duas obras extremamente satisfatórias, e bastante semelhantes entre si. O que, parecendo que não, é um elogio. É preciso recorrer ao photo finish para ver qual dos dois se chega à frente. A verdade é que, no final de tudo isto, fiquei com vontade de ler os sete livros, e água na boca para a próxima adaptação. Por Nárnia!

A Descoberta do Dia.

Le Moine et Le Poisson (Michael Dudok de Witt, 1994). Nomeado para o Oscar de melhor Curta-Metragem de Animação.

Magnífico.

Sem vontade de escrever um título...

Este tem sido um ano marcado por duras perdas. Este fim-de-semana, mais uma. Esta é a notícia que jamais queremos descobrir. O assunto do qual nunca queremos falar. O actor Bernie Mac (Ocean’s Eleven, Transformers), faleceu este sábado, aos 50 anos. O comediante não resistiu a uma infecção pulmonar e complicações resultantes de pneumonia, ao fim de uma semana de internamento. Confesso, isto era algo que desconhecia por completo. O acidente de viação de Morgan Freeman fez manchetes. O internamento de Bernie Mac passou muito mais despercebido. Nem este artigo optimista do New York Post, a meio da semana, se chegou à frente. Daí que este fim-de-semana tenha sido apanhado de surpresa, não só pela terrível notícia, como pelo facto de esta ser uma situação que já se arrastava há largos dias. No mundo da sétima arte, de Bernie Mac, recordaremos sempre a sua branda soberania na troupe de Danny Ocean. No pequeno ecrã, a série com o seu nome. No entanto, são mesmo as suas virtudes como comediante, de que mais sentiremos falta. Este breve clip mostra-nos um pouco do génio em ascensão que perdemos. Pessoalmente, sempre olhei para Bernie Mac como um seguidor dos passos de Samuel L. Jackson. Comparações à parte, aqui estava mais um actor de cor, que não chegou cedo ao mundo da representação, e que tinha tudo para triunfar em registos mais sérios. Contudo, também nos pareceu sempre que Bernie Mac jamais renunciaria às origens humorísticas da sua carreira. Basta olharmos para os projectos do actor que ainda não chegaram às salas. Para aliviarmos a coisa, nada melhor do que imaginar que, a esta hora, já estará em amena cavaqueira com tipos como George Carlin.

Agora, porque noticias desta natureza não costumam vir desacompanhadas, deixemos aqui este artigo publicado no Herald Sun, sobre o estado de saúde de Paul Newman. “Paul Newman has finished chemotherapy and has told his family he wants to die at home. The Oscar-winning actor was pictured being pushed from a New York cancer hospital in a wheelchair. Yesterday, it was reported in America that Newman, 83, had only weeks to live and had returned home to his wife, Joanne Woodward. Paul didn't want to die in the hospital, a source said. Joanne and his daughters are beside themselves with grief”. Enquanto procuro palavras para descrever com exactidão o sentimento provocado por estas linhas, deixo aqui um vídeo para ganhar tempo. Este é o exemplo perfeito do que é a excelência em representação. Newman sempre foi daqueles que chamam a câmara para si. Pudera, tanto talento num homem só, é coisa rara. Perdão, única.

Definição de aperitivo.

Sem ter lido ainda o best-seller, vencedor de um Pulitzer, de Cormac McCarthy, The Road, toda e qualquer suspeita em torno da adaptação cinematográfica carecerá de um maior fundamento. No entanto, a sinopse dá umas luzes, e as primeiras imagens, publicadas na USA Today, ajudam a pintar o resto do quadro.

E, o que este quadro nos diz, por enquanto, é que este título tem todo o ar de ser o Children of Men de 2008. O estilo de filme filosófico e idealista, que foge aos modelos triunfadores de Hollywood, mas que acaba por vencer no coração da audiência, e nos cifrões das bilheteiras. Um cenário pós-apocalíptico parece-nos ideal para uma obra inovadora, onde um dos melhores actores da actualidade por dar largas ao seu talento. Por alguma razão este é o 14º mais aguardado do ano.

E, onde encontrar esta América pós-apocalíptica coberta de cinzas? O realizador John Hillcoat recusou o CGI, e ficou-se pela encantadora localidade de Pittsburgh. Campos de carvão, parques de diversão abandonados e 12 quilómetros de auto-estrada fechados. Porquê recorrer a efeitos especiais, se o mundo real fornece as melhores paisagens?

9 de agosto de 2008

Aquele que não entrou por um triz.

Photobucket

A maior espinha atravessada na lista dos trinta filmes mais aguardados para 2008 será, muito provavelmente, a não inclusão de Nick and Norah’s Infinite Playlist. Foram dias de angústia. Uma luta titânica entre Cold Souls, Fireflies in the Garden e Crossing Over. O grande enigma das escolhas sempre residiu na problemática Quem deixar de fora? A mesma pergunta que nos colocávamos quando elegíamos as equipas para jogar futebol, com dez anos. Hoje, não podemos voltar atrás. Verdade seja dita, também não sabemos se queremos. Aquilo que queremos de certeza é ver este título, e que não falte muito para tal.

O plot do filme realizado por Peter Sollett, baseado na obra de Rachel Cohn e David Levithan, não tem muito que saber. Nick (Michael Cera), é um adolescente a recuperar lentamente de uma relação fracassada. Norah (Kat Dennings), também já conheceu melhores dias. Perdão, noites. E, numa em particular, em que os planos estavam a sair mesmo furados, os dois alinham na estupenda ideia de fingir que são namorados. Sob o luar de Manhattan, este é o primeiro passo ideal para uma noite de descobertas.

O primeiro trailer de Nick and Norah’s Infinite Playlist veio apenas confirmar expectativas, aguçar o apetite, e mostrar exactamente aquilo que se esperava. Até agora, o filme tem seguido todas as etapas previstas. Incluindo esta de transmitir a ideia de estarmos perante uma obra igual a tantas outras. Visitando alguns espaços espalhados por essa Internet fora, é possível constatar que estas primeiras imagens têm deixado muito boa gente desiludida, e alguns cinéfilos realmente apoquentados. Isto porque o filme parece uma cópia de outros tantos. Ou porque o carro amarelo de perfil é tirado de Little Miss Sunshine, ou porque os nomes escritos à mão são o estilo de Juno, ou porque se passa tudo numa noite, e essa é a mística de Before Sunrise. Temos para nós que esta ilusão, de uma obra igual a tantas outras, não passa de um magnífico puxar do tapete. Se um filme é bom, melhor do que não ter qualquer expectativa, é achar mesmo que não vamos gostar. Por mais estranho que isto possa parecer, faz sentido.

8 de agosto de 2008

Not in the mood to move it.

Por muito que lamentemos o tempo de espera para a estreia de um título que desejamos ver como se não houvesse amanhã, essa é a verdadeira e aprazível prova dos nove quanto à nossa determinação. E, até pode faltar um ano. Desde que queiramos ver o filme, esperamos o tempo que for preciso. Agora, quando não nos importamos com o dia em que o dito cujo chega às salas, é porque algo não está no ponto. Esse costuma ser o sinal de que falta ali uma pitada de sal. Ou pimenta. Ou, quem sabe, de ambos. Porque, apesar de se tratar de uma relação entre um ser vivo (cinéfilo) e um inanimado (filme), também aqui deverá ocorrer um click. E, verdade seja dita, isso ainda não aconteceu com Madagascar: Escape 2 Africa. Realizada pela mesma dupla do primeiro, Eric Darnell e Tom McGrath, esta é uma sequela que tem todo o ar de quem vai passar ao lado. Até poderíamos afirmar que o crash and burn presente neste teaser é uma magnífica alegoria do nosso presságio. No entanto, esta não é uma daquelas situações em que antecipamos um mau resultado. Ele até pode vir a ser magnífico. É a recordação do anterior que está a empatar isto tudo. É melhor voltar a ver o trailer. Pode ser que isto tenha mesmo piada – pinguins à parte.

Trocámos as voltas.

Na altura em que aqui deixámos o poster, já por aí circulava o teaser. E, há já algum tempo. Que não era coisa recente, não senhor. Cabeça enterrada na areia é o que dá. Isso, e pouco tempo nas mãos. O que não é o caso desta noite. Véspera de fim-de-semana permite, não só a rotineira visita diária aos sites e blogs do costume, à caça da última novidade, como também uma pesquisa mais cuidada à procura de algo que possa ter ficado para trás. E, há coisa de três minutos, esbarro neste teaser de Terminator Salvation. Um destes dias elaboraremos um acordo de cavalheiros, no qual ficará registado o dever civil de partilhar toda a informação relativamente a esta obra. Pensar que, há três semanas, estas imagens já estavam disponíveis, dá-me a volta ao estômago. Ou é isso, ou é este Toblerone derretido do calor.

Aterragem para breve.

WALL•E chega na próxima semana às salas nacionais. Sete dias, mais coisa menos coisa, para visitar o robot profissionalmente mais dedicado de que há memória. Tal como aconteceu com The Dark Knight, este é outro que seguimos com atenção há já largos meses. Teasers, trailers, posters, fotografias, entrevistas, anúncios, por aí fora. Papámos tudo e mais alguma coisa. A cada hora que passa, parece que nos esquecemos cada vez mais de tudo o que foi visto, e não sabemos rigorosamente nada do filme. Temos de ver para relembrar o que já nos passou diante dos olhos, e descobrir aquilo que será a novidade completa.

No entanto, contrariamente a The Dark Knight, o novo filme da Pixar surge apenas um ano depois de um outro filmaço, com o qual facilmente poderão surgir comparações. Mas, mesmo que estas não apareçam, quanto mais não seja para celebrar a existência de algo tão encantador como Ratatui, aproveitei esta manhã para recordar as linhas escritas há sensivelmente um ano, no Deuxieme. Não retiro uma única vírgula. Relembro como se tivesse sido ontem, o impacto provocado por este filme. O cambalear com que sai da sala patenteava o arrebatamento. Nas considerações sobre o chef Remy, tomei a liberdade de avançar com ofensas como “Esta obra extravasa engenho e arte. As limitações do género são algo que não existe. Aquilo que Bird constrói a cada frame é um filme universal, que não conhece fronteiras quando se dirige ao público sentado na cadeira”, e “Nada melhor do que um filme sobre sonhos impossíveis, para nos pôr a sonhar. Contudo, fica aqui o aviso: o sonho começa depois das palavras The End. Antes disso, aquilo é bem real. Parecendo que não, é possível fazer um filme tão bom quanto este, um filme que enche o coração”.

Hoje, a poucos dias de ver WALL•E, recordo com um sorriso a deliciosa e, porque não, saborosa, experiência que foi o visionamento de Ratatui. A obra de Andrew Stanton até pode vir a ser algo nunca visto, no entanto, mesmo que seja apenas para entrar no lote dos melhores da Pixar, tem de passar além do Bojador. Antes de conhecermos o compactador de lixo mais afável da História, aqui fica Put On Your Sunday Clothes, com o prólogo Out There, uma das canções de Hello, Dolly! (Gene Kelly, 1969). Uma fonte de inspiração para Andrew Stanton.

7 de agosto de 2008

Rachel Getting Married - O trailer.

Há cerca de dois meses, considerámos este o décimo filme mais aguardado do ano. Apostar neste cavalo, dessa forma, tendo por base uma sinopse vaga, uma fotografia atraente e um realizador de peso a dirigir uma jovem promessa, não deixou de ser um acto com traços de insanidade. Quem, no seu perfeito juízo, espera mais de Rachel Getting Married, do que Synecdoche, New York, Defiance ou Burn After Reading? Pouca gente. No entanto, talvez este trailer ajude a mudar opiniões. É certo que isto tudo pode não passar de fogo-de-vista, e o ar refrescante da obra ser apenas uma enorme fachada que esconde um conteúdo insípido. No entanto, neste momento, a convicção relativamente a esta obra é a de que estamos prestes a ver o reverso da medalha de histórias como Little Miss Sunshine ou Juno. Melhor, que estamos prestes a saciar a sede por títulos na senda de A Lula e A Baleia (Noah Baumbach, 2006). Porque a mistura entre drama e comédia nem sempre tem de pender para o lado mais hilariante. E, que dizer das primeiras impressões sobre o desempenho de Anne Hathaway? Pode não chegar lá, mas que o seu nome surgirá nas listas iniciais de candidatas ao Oscar de melhor actriz, restam poucas dúvidas.

6 de agosto de 2008

Regresso ao Futuro.

A este ritmo corremos o sério risco de, daqui por uns anos, muito boa gente não saber que, antes do 3D, havia o 2D. Apesar da lógica inerente. Num cenário mais pessimista, gente que nem sequer estará receptiva a estes desenhos à mão, tradicionais, e tão old school. Quando ainda estamos na primeira década do milénio, será com naturalidade que falamos com um outro qualquer cinéfilo mais saudosista, que recorda com um brilho nos olhos ter crescido com os clássicos da Disney. Contudo, daqui por vinte anos, Pixar, Dreamworks e afins terão preenchido este espaço no imaginário colectivo da pequenada já crescida. O 2D não será, então, um regresso à infância, mas antes uma visita a um passado desconhecido.

Daí olharmos de bom grado para esta decisão da Disney, ao optar por realizar The Princess and The Frog, o seu próximo filme, sem recorrer às complexas técnicas informáticas da terceira dimensão. O filme de Ron Clements e John Musker, conta a história da princesa Maddy (voz de Anika Rose), uma jovem afro-americana que vive no elegante e deslumbrante French Quarter, em New Orleans. No coração do Louisiana, e à beira do Mississippi, romance, feitiços e muita cantoria, é aquilo que podemos esperar. Assim como crocodilos cantores. A banda-sonora estará a cargo de Randy Newman. Caramba, como é bom poder voltar a dizer desenhos animados. A estreia mundial está prevista para o Natal de 2009.

'I don't kill people. I enforce the law'.

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É este tipo de frases que lança um actor para os Oscares. E, Ed Harris, que aqui acumula a função de realizador, parece ter legitimidade para aspirar a uma nomeação. Em boa hora foi lançado o alerta pelo leitor deste blog, fr590. Isto porque não estamos a falar de um título qualquer, mas de Appaloosa, um dos trinta mais aguardados para este ano. Depois de algumas indefinições quanto ao lançamento do filme – os executivos da Warner Brothers chegaram mesmo a querer fazer de meninos mal comportados, considerando não distribuir a obra nas salas –, parece que está tudo confirmado. A confiança aumenta, e há já quem vaticine grandes voos para o western de 2008. A antestreia no Festival de Toronto, a primeira passadeira vermelha rumo aos prémios da Academia, é um bom presságio.

Assim como o é este trailer. A avaliar pelas primeiras imagens, confirma-se a tese de que Viggo Mortensen não escolhe maus papéis – até Hidalgo se safa. A avaliar pelas primeiras imagens, podemos muito bem estar na presença da parelha mais cool do far west, dos últimos tempos. Até uns furos acima de Russell Crowe e Christian Bale em O Comboio das 3:10 (James Mangold, 2007). Quem sabe? Para já, damo-nos por satisfeitos com esta primeira apresentação. Venha de lá Jeremy Irons, o vilão, Renée Zellwegger, a donzela em apuros, e Harris e Mortensen, os justos, que isto promete.

Expecto Patronum.

Este teaser trailer já tem barbas maiores que o próprio Dumbledore. No entanto, após mais de uma semana de ausência deverá prevalecer a ordem e a máxima first things first. E, estas imagens recentemente dadas a conhecer de Harry Potter e o Principe Misterioso (David Yates) foram uma das primeiras coisas a ficar pendentes. Hoje, aqui fica registado o primeiro trailer do aguardado sexto tomo desta saga. Confesso, este é o primeiro capítulo do qual não faço a mais pálida ideia, antes da sua chegada. Apesar de não ter chegado ao fim do livro, Harry Potter e A Ordem da Fénix ainda teve a obra de J.K. Rowling como amostra. Este será, por essa razão, o primeiro a ser visto inteiramente às escuras. Literalmente. Secretamente, ainda acredito ser possível comprar o livro, e ler tudo de uma assentada na semana de estreia. Daí que não tenha lido ainda a sinopse do filme. Será, assim, um paradoxo tão grande já ter deitado os olhos ao trailer? Talvez. Mas, já Oscar Wilde dizia que o Homem resiste a tudo menos à tentação. Sábio.

Agora, ao vermos estas imagens, não podemos deixar de recordar os primeiros passos da saga, e de como a aparência e essência dos filmes tem mudado de obra para obra. Desde a visão mais infantil de Chris Columbus, até à escuridão de Mike Newell. E, não é preciso deixar de pensar nos mais petizes. Basta tratá-los como adultos. Felizmente, parece que aqui acontecerá o mesmo. Por cá, o filme tem estreia marcada para 20 de Novembro.

5 de agosto de 2008

Confissões - Parte II.

Para além do Cinema, outros motivos de interesse existem na vida de Alvy Singer. A destacar: Chocapic, Ucal, pizza com azeitonas, carne picada, chouriço e ananás, Seinfeld, PES, bastões de basebol (quiçá pelo aspecto fálico da coisa), Filipinos, e documentários sobre a construção desenfreada de arranha-céus, nos Estados Unidos, durante os anos 30. Porém, nem sempre nos podemos entregar aos prazeres de um capricho – Fernando Savater certamente ficaria orgulhoso deste apontamento. E, não vale a pena negá-lo. Escrever no Yada é dos maiores regozijos experienciados a cada 24 horas. Palavra de honra. Agora, como terá sido possível constatar desse lado, ao longo deste último mês, diversos percalços têm surgido. Apesar de não o ter comunicado neste espaço na devida altura, estas ausências intercalares estavam previstas no calendário. Recordo aquelas palavras que tão bem se adequam a estes últimos tempos, Porque somos todos reais por detrás destas linhas que escrevemos… Há momentos em que a realidade não dá jeito nenhum. Como que nos espeta uns quantos tabefes na fronha, até ficarmos meio zonzos, sem conseguir reunir o discernimento suficiente para fazer algo tão simples como escrever para um blog. Mas, isto é chão que já deu uvas. Hoje apanhei a realidade meio a dormir e apliquei-lhe, não o démodé golpe da burra, mas a Five Pointed Palm Exploding Heart Technique. Assim como Uma, não consegui esconder uma lágrima marota. Até que a realidade lá se levantou, e deu os seus derradeiros passos. Resumindo e baralhando, a partir de hoje, as actualizações do Yada deverão regressar definitivamente ao seu modo diário. Excepto nas noites em que surgir uma vontade extrema de nada fazer senão comer pizza com azeitonas, carne picada, chouriço e ananás, ver um documentário de duas horas sobre a construção do Chrysler Building, e dar o dia por terminado com uma garrafa de Ucal. Agora, se me dão licença, tenho ir ali escrever ao Tarantino a agradecer a técnica infalível que deu cabo da realidade. Para amanhã, ficam guardados todos os possíveis posts destes treze que estão para aqui em banho-maria. Até lá, eis dois novos pés. Os últimos, eram mesmo os de Scarlett.