Agora que já conhecem o hall desta nova casa, podemos passar aos salões. Antes de mais nada, peço desculpa pela desarrumação. Não liguem às caixas no chão. A olho nu, ainda podem passar despercebidos, mas, a verdade é que muitos pormenores ainda estão por ultimar. Há cortinados por colocar, candeeiros por montar e quadros para pendurar. Tudo, coisas da Annie. Mas, já lá vamos. Digamos que, aquilo que é essencial numa habitação, já estará por aqui. Desde a cozinha com os electrodomésticos indicados para confeccionar alimentos (ali a coluna New York City), até à sala de estar, que se espera acolhedora, onde poderemos encontrar-nos todos em sã confraternização (o espaço para comentários, entenda-se). Só não vos mostro o quarto, porque isso passaria pelo revelar das passwords deste estaminé. Garanto-vos, apenas, que é do mais confortável que a última geração em camas tem para oferecer. Agora, se me perguntarem o que mais gosto nesta casa, sem dúvida alguma, a vista. Como bom coscuvilheiro que sou, gosto sempre de espreitar a casa do vizinho da frente. Isto é gente que já mora aqui no bairro há muito tempo. Quando me mudei para aqui, confesso, também foi pela boa vizinhança. Por enquanto, a coluna La-di-da permite apenas perscrutar a residência de oito laboriosos cinéfilos. Laboriosos e jeitosos, acrescente-se. No entanto, a zona da varanda ainda vai ser trabalhada, no sentido de aumentar o raio de alcance. Isto é coisa para alargar a vista nos próximos tempos. Não nos parece que alguém vá levar a mal por entrarmos assim em sua casa.
Porque este primeiro post deverá ser o menos relacionado com cinema em toda a existência deste blog, vale a pena comparar esta saída do Deuxieme, com a saída de casa dos pais. Agora, quem paga as contas, é aquele que se assina. Se, numa noite de maior folia, fizermos aqui muito barulho, já não dá para assobiar para o lado como se nada fosse. Se entrar por aqui alguém a barafustar, temos de ser nós a ir à reunião de condomínio. Caraças, afinal, nem tudo é bom e o raio da rosa traz sempre um espinho atrás. De qualquer das formas, sabe bem sair de casa e encontrar o nosso próprio espaço. Tal como acontece com a casa dos nossos pais, em termos de blogosfera, para não ir mais longe, gosto de pensar que o Deuxieme será sempre a minha casa.
Posto isto, convém deixar uma palavra sobre o falar na primeira pessoa do plural, e o que faz ali o nome de Annie Hall no perfil. Quando, há coisa de duas semanas, decidi em definitivo que era altura de partir para um novo espaço, achei que esta aventura saberia melhor ao lado daquela que me lixou a vida, mas com a qual passei alguns dos melhores momentos de que me recordo. Sem pensar duas vezes, comprei então a passagem de avião para Los Angeles, onde iria propor à Annie que colaborasse comigo neste Yada. A sua companhia era a peça que faltava. E, a reacção não poderia ter sido melhor. Aliás, ficou tão contente com o convite, que logo quis retribuir com um jantar em casa dela. Lagostas era o prato. Gentilmente, recusei. Acho que ela não levou a mal. Acabámos por ir jantar a um restaurante de macrobiótica. A seguir a poder virar à direita num semáforo, o melhor desta cidade é ter mais restaurantes destes do que Nova Iorque. Enfim, deixemos estas considerações para outra altura. Aquilo que importa é que a Annie Hall será presença assídua neste espaço. Uma voz feminina sempre se traduz em equilíbrio. Basta ir ao top do IMDB, para ver que A Vida É Bela (Roberto Benigni, 1998) é o 14º melhor filme para o sexo feminino. Já para os homens, apenas podemos constatar que não entra sequer nos cinquenta primeiros, limite inferior da lista. Ora, isto quererá dizer alguma coisa. Agora, ainda amanhã, ou, talvez, só no inicio da semana, a Annie dará aqui o primeiro ar da sua graça. Ela diz que não está muito confiante. Já lhe disse que isto é meia bola e força. O pior que pode acontecer é chatearmo-nos um com o outro, e ir cada um para seu lado.
Apenas uma última palavra para o consultor imobiliário que ajudou a encontrar esta bela casa. Um verdadeiro achado na blogosfera. O preço é melhor nem dizer. A quantia cobrada foi tão irrisória, que recuso-me a partilhá-la, tal seria a vergonha. A verdade é que este auxílio na construção do Yada Yada Yada foi mais do que precioso. Se há coisa de que não percebo rigorosamente nada, são blogs e como abrir um pacote de leite com as mãos. O sacana entorna-se por todo o lado. Felizmente, desta vez, encontrei quem me ajudasse convenientemente. Mais do que consultor imobiliário, ele foi um autêntico decorador de interiores. Bastava-me dar a ideia do pretendido, e o desejo era realizado. Foi uma magnífica noite, aquela em que assinei a escritura desta casa. E, em jeito de segredo, qual prefácio, o primeiro post foi da sua autoria. Essência captada de forma tão eloquente, jamais o poderia retirar.
Em suma, resta-me dar as boas vindas a todos aqueles visitarão este espaço. Os sentidos em que esta casa crescerá, permanecem, até para nós, um mistério. A cada dia tentaremos mobilá-la mais de acordo com a nossa identidade. Só com o tempo é que isso virá. Para já, estamos gratos por a casa não ter vindo abaixo, como no filme de Richard Benjamin (1986). Bolas, aquilo é que deve ter sido uma fase complicada para Tom Hanks e Shelley Long. Se bem que a boa disposição de Hanks deva ter aliviado um bocado o ambiente.
7 comentários:
Igual a si próprio. Que bela analogia entre o filme e este novo passo blogosférico. Que venham muitos mais. The one and only, Alvy Singer ;)
Grande!
É preciso dizer mais? Muita força, trabalho e inspiração.
Aquele abraço!
a casa está de facto bonita, com uma decoração minimalista, mas sempre interessante, agora, falta-lhe o dito toque feminino, porque se não, começa a desarrumação e se a mãe vem fazer uma visita, o senhor alvy está feito.
(para dizer a verdade não percebo o significado da minha analogia, mas mesmo assim, acho piada)
começo auspicioso
Obrigada pela etiqueta de "laboriosa cinéfila". Boa sorte com o novo estaminé. :)
Simplesmente Alvy Singer no seu melhor. Continua assim...
Consultor imobiliário? Acho que afinal te vou cobrar qualquer coisa eheh ;)
Bem, cá estou eu entusiasmado para frequentar a nova casa.
Bom trabalho e boa sorte, Alvy.
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