18 de abril de 2008

Música, maestros.

Esta não tem sido das melhores semanas. Desde segunda-feira, parece que, para cada três coisas proveitosas, outras cinco surgem só como desmancha-prazeres. Todos os dias. A gota de água, outra que também não tem faltado nos últimos tempos, deu-se esta manhã quando, duas horas, para não dizer mais, foram passadas à volta deste blog, apenas com o intuito de colocar a questão Filme a ver este fim-de-semana? Nenhum dos sites encontrados resolveu o problema. Após o voto, quando se voltava a entrar no Yada Yada Yada, a caixa surgia com o número de votos já realizados. Pelo meio, apagou-se a coluna da direita. Foi necessário construir de novo as secções New York City e La-di-da, e controlar a paciência que roçou limites inferiores. Enfim, o cabo dos trabalhos, como consequência da mais simples das tarefas.

O bom do Cinema, e, lá está, o passar subtil para aquilo que nos une, é o servir de almofada nestas ocasiões. Por vezes, gosto de pensar na sétima arte como uma gigantesca instituição bancária, onde vamos fazendo vários depósitos ao longo da vida. Os filmes, nesta metáfora demasiado requintada para um serão de sexta-feira, serão o dinheiro. Aquele de que gostamos muito, aplicamos em fundos de investimento seguros, a longo prazo. Contas a não mexer. Aquele de que não gostamos, é o dinheiro que se gasta logo. Daquele que nem sequer damos por ele, e se esquece imediatamente. É por isso que, os filmes de que gostamos, são aqueles a que voltamos. Num momento de maior aperto, dirigimo-nos ao balcão e dizemos Gostaria de levantar uma cena de A Primeira Noite, por favor. Ou, quando a maré não está mesmo de favor, É para levantar tudo o que tiver na conta Bananas.

Hoje, foi necessário recorrer a dois investimentos. Estes, são daqueles infalíveis. Saldam todas as dívidas. O ar fica mais leve e tudo. E, aqui entre nós, isto acontece por duas ordens de razões. A primeira, porque estes homens têm dedo para a escrita. A segunda, porque têm ouvido para a música. Com efeito, esta manhã, Crowe pôs as contas em dia. À tarde, levantei uma cena de Tarantino apenas por puro divertimento. Extravagâncias. No entanto, isto foi suficiente para verbalizar uma questão que já há muito fazia a sua ronda inconsciente pela mente deste cinéfilo. Qual destes cineastas escolhe melhor a música dos seus filmes? Cameron Crowe ou Quentin Tarantino? Estamos a falar de obras, por vezes, diametralmente opostas. Um, é sangue por todo o lado, o outro, abraços e beijinhos. Um, é de motherfucker para cima. O outro, You had me at hello. No entanto, no seu género, ambos conseguem sempre surpreender pela opções que fazem. Tarantino, por não ter currículo na área, talvez devesse receber mais crédito pelo seu bom gosto. No entanto, para quem aprecia um bom rock, é com Crowe que vamos realmente à Enciclopédia da coisa. Aqui ficam as duas cenas levantadas hoje. A primeira, de Cameron Crowe, talvez o momento mais sublime de Elizabethtown (2005).

A segunda, de Quentin Tarantino, porventura a melhor entrada em cena acompanhada da melhor entrada de música (Al Green, Let's Stay Together), ao mesmo tempo, de toda a História.

Fica no ar a questão.

2 comentários:

Rita Pereira Trindade disse...

"I ain't your friend, palooka..."
:)
O meu voto vai para o Tarantino.
E, por falar nele, outro clássico: a célebre cena da orelha ao som de "Stuck in the Middle with You".

Anónimo disse...

Como fã de Tarantino que sou era impossivel não votar nele... para mais quando até tenho todas as bandas sonoras dos seus filmes.

Outro senhor que sempre achei ter um grande ouvido para as músicas dos seus filmes é o "GRANDE" Martin Scorcese, basta ver o mítico "Goodfellas"! =)

Um abraço