14 de abril de 2008

Quando o sete é o novo um.

Isto de ser primeiro tem muito que se lhe diga. Mais do que relativo, por vezes, é um atentado a toda lógica Kantiana – parece bem, de vez em quando, ir mandando postas destas. Alturas há em que ser primeiro se consegue com uma perna às costas. No reverso da medalha, alturas há em que é difícil como tudo subir até lá a cima. As receitas de bilheteira, sobretudo nos Estados Unidos, são exemplo disso mesmo. Esta semana, talvez porque o filme que ficou no topo das preferências, não aquece nem arrefece, parece-nos pertinente deixar aqui uma palavra sobre este tema. Mentira, pensando melhor, o filme arrefece até mais não. Deixemo-nos de simpatias. Qual iglo, onde entramos de fato-de-banho, falar de Prom Night faz um frio de rachar. Até podemos estar enganados, que esperamos estar. Mas, franqueza acima de tudo, esta é a primeira impressão sobre a obra de Nelson McCormick, realizador que já passou por todas as séries do planeta: Sheena, Balada de Nova Iorque, V.I.P., Alias, CSI, House, CSI NY, Os Homens do Presidente, Serviço de Urgência, Nip/Tuck, The Closer, e Prison Break.

A verdade é que, não poucas vezes, filmes que ninguém dava nada por eles, acabaram por chegar ao primeiro lugar. E, em nosso entender, existem dois momentos propícios para a ocorrência deste fenómeno. O primeiro, a silly season, altura em que nos encontramos. Aquela fase do ano, a seguir aos prémios, em que ficamos à espera dos blockbusters, na esperança de que algum deles salve a entrada no Verão, enquanto ficamos com tempo de sobra para pensar na morte da bezerra. Deverei, no entanto, dizer que sou contra estas generalizações. Subscrevo sim, a silly week, expressão que, nos dias de hoje, parece fazer mais sentido. O segundo momento, é o sair de cena de um campeão nas bilheteiras. Quando um peso pesado domina em todas as salas de cinema, poucos são os estúdios que optam por lançar um filme onde depositem alguma esperança. Aqueles que saem são os designados carne para canhão. O mais estranho no meio disto tudo é que, por vezes, a carne vem mal passada, e o público acaba por aderir. Vejamos, a título de curiosidade, alguns dos títulos que expulsaram recordistas de bilheteira.

Titanic (James Cameron, 1997) – Perdidos no Espaço (Stephen Hopkins, 1998);
Star Wars – A Ameaça Fantasma (George Lucas, 1999) – Austin Powers – O Espião Irresistível (Jay Roach, 1999);
O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei (Peter Jackson, 2003) – Along Came Poly (John Hamburg, 2004);
O Sexto Sentido (M. Night Shyamalan, 1999) – Stigmata (Rupert Wainwright, 1999);
Harry Potter e a Ordem da Fénix (David Yates, 2007) – Declaro-vos Marido e… Marido (Dennis Dugan, 2007).

O filme de Nelson McCormick limitou-se a passar à frente de A Última Cartada (Robert Luketic), que entre nós estreará a 01 de Maio. No entanto, já que temos à nossa disposição um blog para opinar, convém dizer que a verdadeira razão de abraçar este assunto esta noite, prende-se com o facto de Prom Night já ter data de estreia no nosso país – pois claro, parece que saiu em Diário da República que, filme número um nos Estados Unidos, que não estreie por cá, é excomungado – e, de Smart People (Noam Murro), filme que também chegou às salas norte-americanas este fim-de-semana, ainda não ter. E, o sétimo lugar arrancado, não deve ajudar muito a que chegue brevemente. Isto tem mais ar de quem vai ser esborrachado ali para Outubro ou Novembro, antes das grandes apostas do Natal. Agora, para clarificar que mais rapidamente correria para a bilheteira a adquirir o ingresso para o sétimo na tabela, aqui fica o trailer do primeiro, e o do dito sétimo. Isto, já para não dizer que o sete é um número com toda uma simbologia catita.

6 comentários:

Carlos M. Reis disse...

Nunca pensei ver o Alvy a colocar V.I.P, essa mítica série com a Pamela Anderson, num post. É por essas e por outras que és o maior. Por falar nisso... deixa lá ver o que é feito de V.I.P por esse mundo fora.

Anónimo disse...

Apenas um comentário só para me tirar uma dúvida... o "Senhor dos Aneis - O regresso do rei" foi realizado por um tal de Peter Jackson certo? :P

Um abraço e continuação do óptimo trabalho Alvy!

Bruno Ramos disse...

Confesso, Knoxville, que pensei duas vezes antes de colocar V.I.P. no mesmo saco. Mesmo que fosse apenas para dizer que o realizador tinha passado por lá. Depois lembrei-me, no entanto, da forma entusiasta como vivi a semana que antecedeu o episódio de estreia. Numa altura em que as hormonas já deveriam estar mais domesticadas, creio que esta terá sido das séries mais aguardadas de todos os tempos, facto que, por si só, acabou por justificar a merecida referência.

Peter Gunn, passo a explicar – se é que esta é daquelas que tenha desculpa. Stephen Jackson é jogador dos Golden State Warriors. Como, à hora em que escrevia o post, ia espreitando o site da NBA para ver as novidades da equipa, uma coisa levou à outra e, deu-se o acto falhado, segundo Freud. Quantos cinéfilos, com as letras todas, é que podem orgulhar-se de ter enganado no nome do realizador do Senhor dos Anéis? Essa é que essa. Obrigado pela chamada de atenção. Um abraço

Anónimo disse...

Alvy, eu não sei exatamente o que anda acontecendo com o público norte-americano neste início de ano... Tirando a animação 'Horton', nenhum outro longa obteve uma acolhida tão calorosa do público... Este foi até o momento o único filme a ultrapassar a barreira dos U$ 100 milhões de dólares...

As comédias então nem se fala... Quase todas fracassaram impiedosamente... E olha que com nomes de popularidade nos Estados Unidos, como Martin Lawrence, Will Ferrell, Owen Wilson e Jack Black...

Também não vi nada no trailer de 'Prom Night' que me animasse... É apenas 'o mais do mesmo', isto é, um serial killer matando jovens... Pensei que o policial 'Street Kings' com Keanu Reeves fosse ser o filme mais visto neste final de semana que passou... Ledo engano... Ficou sim em segundo lugar, mas bem atrás em termos de bilheteria...

Agora a posição de 'Smart People' não me surpreendeu... Não que não seja um filme a ser visto (o que farei quando ele estrear aqui no Brasil), mas se o público está ignorando filmes "comerciais" imagina então os "independentes"...

O que me chamou a atenção em 'Smart People' foi a presença de Ellen Page, interpretando Juno... Alvy (e demais amigos do blog), vc não teve essa mesma impressão??? Eu tive...

Um grande abraço...

Anónimo disse...

Anônimo não... O responsável pelo comentário logo acima sou eu...rsrsrs!!!

Pedro Pereira 77 disse...

Grande número 7... Estou contigo no simbolismo do número e na preferência entre os filmes em questão...