Naquilo que respeita a paixões e afectos, o Cinema estará sempre num pedestal. Podem vir futebóis e PSPs, que, em termos de diversão, nada chegará aos calcanhares da sétima arte. Talvez por esta não ser somente sinónimo de diversão. Ser muito mais do que isso. Ser uma via de motivação e reflexão. Um lugar de descobertas. Interiores e do mundo. No entanto, em termos de entretenimento e, entretenimento apenas, algo tem vindo a ganhar o seu espaço no quotidiano de Alvy Singer. Basquetebol. É verdade. Ao contrário do futebol, onde são vinte e dois idiotas atrás duma bola, aqui são apenas dez paspalhões. A bola anda dum lado para o outro, daquela forma desvairada habitual, que por vezes leva-nos a perguntar Mas que raio, porque é que eles correm tanto? Convém dizer, para quem não está dentro do assunto, que, a NBA, liga profissional dos Estados Unidos, é o Olimpo da modalidade. Só os melhores do planeta jogam por lá. Os melhores, e os filhos de alguns treinadores. Dado comum em qualquer desporto. No entanto, isso não consta dos aspectos a abordar neste texto. Por esta altura, já alguns se terão questionado o porquê de um post sobre basquetebol num blog sobre cinema.
A verdade é que já há algum tempo andava à procura de uma brecha para puxar este tema. Não estava fácil. Contudo, a coisa resolveu-se quando surgiu a notícia de que Jonathan Dayton e Valerie Faris seriam responsáveis por três spots promocionais aos playoffs, prestes a começar. Antes de mais nada, é compreensível a decisão dos administradores da NBA, ao terem optado por Dayton e Faris. Ao olhar para trás, dificilmente encontraremos uma história tão convincente e, ao mesmo tempo, tão íntegra, sobre a perseguição de um sonho, como em Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos (2006). Aos olhos de uma criança, aceitamos que nem sempre se distinga a linha que separa a ilusão da realidade. Mas, o que é o sonho, senão o diluir dessa mesma linha? Seja na demanda da pequena Olive (Abigail Breslin), ou na procura destes homens com mais de dois metros, e já com idade para terem juízo, pelo ceptro de campeão. Porque nisto dos sonhos, somos todos inocentes e ingénuos. No caso destes calmeirões, o sonho está lá, como demonstra este primeiro vídeo, que mais parece um dos passos para o sucesso da teoria de Richard (Greg Kinnear). Assim como o medo, neste outro, que faz lembrar aquela frase do avô (Alan Arkin): Losers are people who are so afraid of not winning, they don't even try. No entanto, talvez seja pelo revelar de peito aberto que este é um sonho que carregam desde os nove anos – maior comparação do que esta era difícil –, dos três, o meu vídeo favorito é este. O facto de também estar aqui o meu jogador preferido da actualidade é capaz de ter ajudado. É o da esquerda. Chama-se LeBron e, um dia, será campeão. Pelo menos, ele acredita. Se Dayton e Faris decidirem, daqui a uns anos, fazer um filme sobre ele, têm o meu aval. Com a condição de que o tio venha atrás.
2 comentários:
pode parecer estranho, mas este último, fez-me respirar mais fundo, do que é normal e pensar com ar enternecido, que vale a pena tentar fazer o que queremos, porque pelo menos tentámos, foi esta a sensação que tive quando acabou o little miss sunshine (acompanhado de uma ou duas lágrimas, pequeninas).
outra coisa, esta ideia da cara dividida em duas pessoas diferentes, não faz lembrar o filme persona do mestre Bergman
Não sei se a comparação entre o maravilhoso 'Pequena Miss Sunshine' (foi assim que o filme se chamou aqui no Brasil) e os jogadores que buscam o título de campeão desta temporada da NBA foi feliz...
Afinal, o que Olive queria mesmo era apenas participar do concurso, se divertir... É óbvio que existia dentro dela o desejo de se tornar um dia como aquelas misses que ela via na televisão, mas seu desejo de vencer este concurso estava mais ligado ao temor de não ser aceita pelo pai caso perdesse (medo esse que fica muito claro na magnífica cena onde dialoga com o avô) do que qualquer outra coisa...
Já estes milionários jogadores da NBA não... O que eles buscam (pelo menos em sua grande maioria) é fama, prestígio, status, mais dinheiro... Bem diferente de Olive... Um grande abraço Alvyn...
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