Se fizermos bem as contas, nem dois dias faltam. Para muitos, o filme mais aguardado do ano. Para alguns, sem qualquer exagero, o mais aguardado de uma vida. Depois de tantas indecisões, o projecto lá se concretizou, para gáudio de milhões de fãs, e, hoje, Indy 4 está mesmo ao virar da esquina. O último ano em que vimos uma aventura de Indiana Jones no grande ecrã, foi o primeiro em que vimos Os Simpsons no pequeno. Isto diz bem do tempo que foi preciso esperar. Esta semana, o programa passa por ver os três primeiros filmes. Ontem, foi a vez de Os Salteadores da Arca Perdida (1981). Hoje, O Templo Perdido (1984). Amanhã, A Grande Cruzada (1989). No fim-de-semana, O Reino da Caveira de Cristal estará pronto a servir.
Nisto das trilogias, o mais fácil é partir para as comparações entre capítulos. Contudo, se olharmos para Os Salteadores da Arca Perdida, esquecendo não só os dois que se lhe seguiram, mas lembrando que à data, nenhuma das sequelas tinha sido realizada – Jacques de la Palice não diria melhor –, somos obrigados a reconhecer que este, entre outras coisas, será o mais vanguardista dos três. Não colocando em causa a qualidade das obras, esta foi aquela que definiu a fórmula. As duas sequelas limaram arestas. Esta construiu o monumento. Numa altura em que as mentes de Lucas e Spielberg fervilhavam de fantasias, juntar estes dois cineastas só podia resultar em algo deslumbrante. Spielberg continua a dizer que, para ele, este é apenas um filme de série B, com mais sucesso do que o esperado. Até certo ponto, somos obrigados a concordar. George A. Romero também não fazia ideia de que o orçamento de A Noite dos Mortos Vivos (1968) chegaria para redefinir um género. Contudo, em abono da verdade, os 22 milhões de dólares de Os Salteadores da Arca Perdida deram para algumas brincadeiras. Diversões simples, é certo, mas que chegaram para arregalar o olho. Porém, nem são os efeitos especiais que mais prendem o espectador. Spielberg consegue ainda apresentar-nos os dotes que faziam dele um realizador em ascensão, precisamente naquilo em que sempre demonstrou sentir-se mais à vontade. Apesar do maior reconhecimento obtido com obras dramáticas, como E.T. (1982) e A Lista de Schindler (1993), é na soma de acção e suspense que Spielberg se destaca realmente. Num outro patamar, somos capazes de recordar Duel (1971), logo na sequência inicial da bola de granito, e O Tubarão (1975), sempre que a orquestra de John Williams anuncia a chegada do chicote de Jones para salvar o dia.
O argumento de Kasdan, numa mistura exímia de aventura, humor e acção, desenrola-se harmoniosamente, de modo a possibilitar magnificas interpretações. Seja de Harrison Ford, na personificação do homem comum, com duas vidas paralelas, seja de Karen Allen, ao construir uma verdadeira mulher de armas, capaz de roubar o protagonismo ao herói e dispensá-lo se for preciso.
Para a História fica um filme sem igual. No imaginário colectivo, chapéu, casaco de tweed e chicote, são sinónimo de um nome só. Hoje será a vez de O Templo Perdido. Isto é que vai ser uma semana.
1 comentário:
Já se ouve a música ao fundo...
vem com a brisa...
Forte abraço!
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