Amante devoto do neuroticismo de Woody Allen, foi com naturalidade que permiti a George Carlin que entrasse por esta casa adentro. Admirador confesso das observações perspicazes de Jerry Seinfeld sobre o quotidiano, foi com naturalidade que permiti a George Carlin que dissertasse, nesta casa, sobre tudo e mais alguma coisa. Entusiasta da gesticulação e palavreado arrojado de Richard Pryor, foi com naturalidade que permiti a George Carlin que entrasse por esta casa adentro a ofender tudo aquilo que mexesse. Apaixonado pela irreverência e originalidade de Eddie Murphy, foi com naturalidade que permiti a George Carlin que irrompesse por esta casa a falar de coisas sérias como se o mundo acabasse amanhã. Ao mesmo tempo, adepto da ordem e distinção de Chris Rock, foi com naturalidade que permiti a George Carlin que entrasse por esta casa como um qualquer tutor helénico. No fundo, tudo não passou de uma grande ironia. Quis o destino que descobrisse por último, aquele que, provavelmente, encerrava em si o talento dos maiores stand-up comedians de todos os tempos. Bill Hicks, Lenny Bruce, Bill Cosby, por aí fora. Uma coisa é certa, o mundo do stand-up comedy nunca mais foi o mesmo, desde que George Carlin por lá passou. Aliás, até certo ponto, quase que é legitimo perguntar se existia stand-up antes de Carlin. Nomeado para cinco Emmys, este é o homem que desafiou todas as barreiras, e que, em meados da década de 70, chegou a ir ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos defender o seu material. O direito à piada, por assim dizer. Seven Words, o centro da polémica, é o clip abaixo que ilustra este post. George Carlin é daqueles que pede poucas palavras na despedida. Aliás, a melhor maneira de dizer-lhe adeus, é a rir a bandeiras despregadas. Por isso, se me dão licença, vou ali rever umas quantas passagens de Jammin in New York City, e volto já.
23 de junho de 2008
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