13 de julho de 2008

O Golpe do Drag... Panda.

As técnicas da argumentação aconselham-nos a dividir a exposição em três partes. A primeira, e mais fulcral, deverá conter os fundamentos mais fortes e convincentes. Aqueles que prendem a atenção do espectador. A segunda, porque a plateia nem sempre mantém o mesmo estado de alerta, será aquela onde depositamos a apresentação mais fraca, na qual não estamos tão confiantes. No fundo, aquela que dominamos menos bem. Por último, a terceira fase, aquela em que rematamos numa apoteose argumentativa, se possível, com o mesmo entusiasmo inicial, e com argumentos tão persuasivos como os primeiros. Este ideal teórico das dissertações servirá sobretudo para estabelecer o paralelismo com este post e os próximos dois. Estes três textos, cada um sobre o seu filme, seguem um pouco esta lógica. Se bem que aqui o termo de comparação deva ser a qualidade do filme. Começaremos, assim, por falar do mais agradável dos três. Em seguida, do mais fraquito, ironicamente, sobre um super-herói. Por último, daquele que foi uma óptima surpresa, apesar de não enchido as medidas como o primeiro. Ora bolas, agora que penso nisso, ao lermos o blog, este post surgirá em último lugar. Caramba. Enfim, problemas técnicos aos quais somos completamente alheios.

Iniciemos, então, as festas da crítica, com uma análise a O Panda do Kung Fu (Mark Osborne e John Stevenson). A primeira ressalva a fazer sobre o mais recente filme de animação saído dos estúdios Dreamworks, é a de que estamos na presença de uma das mais habituais premissas dos filmes de animação. Pelo menos, dos clássicos de outrora. O tipo mais improvável e com o sonho mais estapafúrdio – aos olhos dos outros, claro está – a querer mostrar que nada é impossível. Deve haver qualquer sequência no genoma humano que, uma vez bem concretizada, nos leva a sucumbir a esta ideia que nem uns patinhos. E, em O Panda do Kung Fu, é mais ou menos isso que acontece. Este não é um filme que rompe com o passado e traça novos caminhos para o mundo da animação. Contudo, também não é uma obra de colagens.

Isto é um bocado aquilo que acontece naqueles prédios construídos tão perto uns dos outros, que é impossível não deixar de ver o que se passa na sala de estar do vizinho da frente. Que ninguém se iluda, ao pensar que o pessoal da Dreamworks não anda por aí a escrutinar o material da Pixar. Neste momento, o mais natural é Jeffrey Katzenberg e todos os seus subordinados serem influenciados pelo trabalho de John Lasseter e companhia. É claro que podemos também colocar a hipótese de a Dreamworks ter recrutado técnicos mais criativos, ou que dão mais o litro. No entanto, se no final do filme, alguém tivesse vindo ter comigo e perguntado se este era um Pixar ou um Dreamworks (um pouco à imagem daquele anúncio sobre a Pepsi e a Coca-Cola, há uns anos), devo admitir que responderia Pixar. Não que a Dreamworks não nos tenha ofertado já belos exemplares, contudo, as cores, a eficiência, e o equilíbrio entre o verdadeiro propósito da história e as sequências de acção e comédia, são de uma originalidade estupenda. Agora, a verdadeira pergunta que nos devemos colocar no final é Vi, ou não, um bom filme? A resposta é Não. Vi um filmaço. E, não dizemos isto por ser um supra-Dreamworks. Mesmo que este fizesse parte da parafernália da Pixar, estaria, sem sombra de dúvidas, lá bem em cima. Chocaremos alguém ao dizer que este Panda é menino para dar luta ao Mr. Incredible de Brad Bird?

2 comentários:

Anónimo disse...

boas alvy... que alivio.
é bom ver te novamente por aqui :p
abraco

Anónimo disse...

Onde é que o raio do macaco meteu as bolachas? :P