Estava previsto chegar à meia-noite de ontem, e assim foi. Não deixando o seu crédito por mãos alheias, o primeiro dia de Verão fez-se acompanhar por temperaturas simpáticas, como que a relembrar Alvy Singer que estava na hora de voltar a falar de filmes que dão vontade de fazer as malas, e rumar a paragens mais paradisíacas. Isto porque o calor aperta. Quando a temperatura baixar – cruzes canhoto –, trataremos aqui de películas que nos falam de férias, sim senhor, mas em locais onde uma camisola de lã não faz mal a ninguém. Como não é o caso, o eleito desta semana é esse incontornável título de 1988, Cocktail (Roger Donaldson). Um dos que figura na lista The 100 Most Enjoyably Bad Movies Ever Made, elaborada por John Wilson, fundador dos Razzie Awards. É que Cocktail é isso mesmo. Um filme fraquito, mas que dá um gozo do caraças. A história, preenchida por lugares comuns até mais não, conta-nos a vida de Brian Flanagan (Tom Cruise), um jovem sonhador descendente de irlandeses, que tenta a todo o custo concluir os estudos que lhe permitirão obter o emprego que pretende. De modo a pagar a sua educação, Flanagan arranja um part-time como bartender. O sucesso surge rapidamente, e Brian e o Dough Coughlin (Brian Brown), seu patrão, tornam-se nos dois mais famosos de Nova Iorque, atrás do balcão. Flanagan decidido a abrir o seu próprio estabelecimento, opta por investir na sua nova carreira, e parte para a Jamaica, onde os seus dotes trarão muito mais dinheiro. Aí, conhece Jordan Mooney (Elizabeth Shue), uma jovem artista norte-americana a passar férias no resort onde trabalha. Porque, neste filme, o álcool anda sempre de mão dada com as personagens, a partir deste momento começam as confusões. Apesar de ser uma obra que nunca chega verdadeiramente a surpreender, um qualquer magnetismo que ainda hoje não conseguimos perceber prende-nos ali ao ecrã que é uma coisa parva. Talvez seja a inesgotável força de vontade de Flanagan, o eterno sonhador com queda para a poesia. Talvez seja aquela inocência que chega a insultar qualquer jovem adulto com dois dedos de testa. Ou, quem sabe, aquele mundo sempre invulgar do homem que manuseia copos e garrafas como ninguém. Um virtuoso ao serviço de Baco. Talvez sejam aquelas paisagens jamaicanas que arrumam qualquer um, mesmo os sortudos que por lá vivem. Talvez seja aquela aura de um amor e uma cabana, que percorre grande parte do filme. Ou, talvez aquela banda sonora relaxante, onde desponta o ressurgimento dos Beach Boys, com Kokomo. Seja como for, cenas como esta (parece que é preciso confirmar a idade antes de ver o clip), fazem desta obra um excelente cartão-de-visita à terra de Bob Marley e companhia. Se há filme que funciona como catálogo de agências de viagens, é este.
22 de junho de 2008
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1 comentário:
Um dos meus Guilty pleasures de eleição. A Elizabeth Shue... ai ai saudades!
Um abraço Alvy!
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