É verdade que, no calendário, só está marcado para o próximo fim-de-semana. No entanto, este sábado, já parecia que o Verão tinha chegado em força. O calor fez-se sentir e bem, e as praias receberam as primeiras verdadeiras enchentes. E, é inevitável. Todos os anos, por esta altura, quando a incerteza da Primavera começa a ficar para trás das costas, alguns filmes invadem a mente. Como quando ouvimos o primeiro Jingle Bell, e recordamos Sozinho em Casa. Ou, quando olhamos para uma fotografia do Empire State Building, e recordamos Cary Grant e Deborah Kerr. Porque a magia do Cinema também é feita de memórias reavivadas pelo mais trivial dos elementos. Neste caso, sol e praia, acima de tudo. Vários são os filmes facilmente associados a este período no qual estamos prestes a entrar, para muitos, a mais querida das estações. Ao longo dos próximos tempos, provavelmente, até meados de Setembro, apresentaremos aqui um filme por semana, sobre este tema. De preferência, uma obra que dê ainda mais vontade de dar um pontapé no trabalho, fazer as malas, e ir de férias. Mesmo que não seja o melhor dos filmes. O que importa é que esteja presente o simbolismo da viagem. Como acontece no caso de A Praia (Danny Boyle, 2000).
Confesso, este é dos poucos em que li o livro. Apesar de não terem sido muitos, este confirmou a regra de que o original tende a ser melhor do que a adaptação. Aliás, a seguir ao terceiro tomo de O Senhor dos Anéis, este será talvez o caso mais gritante. Não que o filme seja mau. No entanto, a obra que lhe serve de base está anos-luz à sua frente. Tal como Tolkien, Alex Garland não tem culpa. Limitou-se a escrever um livro. Livro este que Danny Boyle não soube tratar da melhor maneira. É verdade que A Praia de Garland, não apenas por ser uma obra de culto, mas, sobretudo, pela temática abordada e escrita adoptada, não é dos materiais de mais fácil adaptação. No entanto, naquilo que dava para fazer a diferença entre um trabalho razoável e um bom trabalho, Boyle parece ter-se deixado levar pela beleza das paisagens tailandesas, e esqueceu-se do que realmente importava. No final, ficamos com a sensação de ter visto um filme interessante, sim senhor, agradável à vista, mas com falhas latentes. E, para quem leu o livro, havia tanto mais a explorar. Se quisermos, A Praia é uma antevisão daquilo que anos mais tarde chegaria à televisão pela mão da ABC, e que dá pelo nome de Lost. Um exercício de reflexão sobre as necessidades, e cadeias de motivação inerentes à condição humana. Um manifesto do viajante eternamente insatisfeito com o destino atingido. Um mergulho profundo na recusa aos bens materiais. Contudo, isto é aquilo que vemos somente a espaços na película de Danny Boyle. Procurando não reprovar em demasia o filme, a ideia que fica é a de um grupo de gente bonita a passear numa ilha paradisíaca, ao som de uma banda sonora comercial, e onde um triângulo amoroso banal acaba por emergir. Porém, a escrita de Garland, com todo aquele cinismo e ironia, vai muito mais além. Se calhar, até mais do que Titanic (James Cameron, 1997), este terá sido o filme que levou DiCaprio a olhar-se ao espelho e perguntar O que é que queres fazer da tua carreira? Mas, uma coisa é certa. Este filme dá uma vontade do camandro de ir de férias. Aqui fica o trailer de A Praia.
3 comentários:
o que tem de melhor é a música
Dá imensa vontade de ir de férias!
Ah, e Alvy, a ilha do filme bem podia ser mais um dos sítios a acrescentar à passada lista sobre os sítios dos filmes que gostaríamos de visitar...
Senhor dos aneis é só e apenas um dos melhores filmes de sempre e o mais importante (até agora) do século!
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