16 de junho de 2008

Na mó de cima.

Provavelmente, até terá a ver com questões faciais. Uma série de estudos demonstra que as feições podem ser determinantes para a cognição social, e comunicação de emoções. Há quem diga, também, que os olhos são o espelho da alma, e por aí fora. Enfim, ramos da ciência e senso comum, ambos se interessam por este tema das impressões e comunicação não verbal. Apesar de uma introdução com um certo teor de seriedade ter sempre o seu lado mais atraente, mais vale dizer que Michael Douglas tem uma apetência extraordinária para interpretar tipos no topo do mundo, e deixarmo-nos de conversa fiada. Se, quando o filme começa, a personagem de Douglas não tem mais dinheiro e poder do que todas as outras juntas, basta esperar dez minutos. À passagem do quarto de hora, Michael Douglas está a interpretar o papel da personagem com maior autoridade em toda a história. Senão, vejamos.

Wall Street (Oliver Stone, 1987)

Como Gordon Gekko, Douglas está literalmente no topo do mundo. Não dá para perceber bem qual o edifício onde Gekko trabalha, de qualquer forma, o escritório fica lá bem para cima, nos andares mais altos. O filme de Oliver Stone valeu a Michael Douglas o seu primeiro Oscar como actor, e colocou em definitivo o nome de Douglas nos anais da História da sétima arte. Greed is good. Maravilhoso.

A Guerra das Rosas (Danny DeVito, 1989)

Este é daqueles em que ainda temos de esperar um bocado para ver a fama e fortuna de Douglas. No entanto, não demora muito. Casa, carro, mulher, filhos, nada lhe falta. É verdade que as coisas acabam um bocado para o torto, mas, mais uma vez, o papel do tipo de sucesso, cuja vida corre sobre rodas, assenta que nem uma luva a Michael Douglas. Por muitos considerado um filme menor, A Guerra das Rosas (1989) é uma autêntica relíquia em ponto pequeno. Como o seu realizador.

Uma Noite Com o Presidente (Rob Reiner, 1995)

Aqui, Michael Douglas é apenas Presidente dos Estados Unidos. É preciso dizer mais alguma coisa?

O Jogo (David Fincher, 1997)

Ao fim de algum tempo, talvez incomodado com todos os contos de fadas que Douglas ia vivendo no grande ecrã ao longo da sua carreira – apesar da chatice que terá sido ter uma Glenn Close e Demi Moore à perna, em filmes diferentes, acreditamos que o inicio de ambos corrobora esta tese –, David Fincher lembrou-se de pregar um susto do catano ao actor. Contudo, para todos os efeitos, este é mais um em que Douglas faz e acontece.

Um Homicídio Perfeito (Andrew Davis, 1998)

Neste, nem chegamos bem a saber o que a personagem faz. Parece que tem uma empresa, compra e vende acções como se não houvesse amanhã, vive em Upper East Side, e joga póquer com os amigos à quarta-feira. Para além disso, é casado com Gwyneth Paltrow, e consegue arranjar 400 mil dólares do pé para a mão. É obra.

Um Dia de Raiva (Joel Schumacher, 1993)

Posto isto, não é irónico que um dos melhores filmes da carreira de Douglas seja sobre um tipo desempregado e frustrado com a sociedade que o rodeia? Um Dia de Raiva (Joel Schumacher, 1993) é muitas vezes e injustamente, uma obra esquecida.

1 comentário:

João Bizarro disse...

Também não compreendo porque Um Dia de Raiva foi tão espancado!
Para mim é um bom filme com uma excelente interpretação do Michael Douglas.
Nos tempos que correm é cada vez mais provável que apareça em Portugal um D-Fens!!!