Que fique desde já bem patente a recente indisposição perante o hype que circunda certos e determinados filmes. Durante bastante tempo, contra-argumentei com todos aqueles que defendiam a abominação do espécime fanboy. Não de todos. Apenas daqueles que defendiam a todo o custo a mais-valia de uma qualquer relíquia, sem olhar a possíveis defeitos, mesmo antes de a obra estrear. Mais conhecido por fanboy irredutíbilis. Depois de ver o filme, ainda é como o outro. Agora, apregoar aos quatro ventos que sicrano é o melhor realizador do ano, e que beltrano vai rebentar nas bilheteiras, já nos parece ser o esticar da corda. Sobretudo, quando isto não é feito com a gentileza recomendável. Não há nada de errado em deixar a suspeita. Em prever o acontecimento do ano. O chato é fazer disto campanha. É que tudo aquilo que é em excesso cansa. Por muito que gostemos de Christopher Nolan, ou por muito que desejemos entra numa sala escura para dar de caras com o robot da Pixar, ser bombardeado quase diariamente com noticias sobre estes títulos, tira um bocado de pica à coisa. Este fim-de-semana, por exemplo, o principal objectivo passou por fugir à tortura de não ter podido ver ainda The Dark Knight. No entanto, tal demanda revelou-se bastante mais complicada do que seria de esperar. Caramba, nem mesmo no site de A Bola é possível escapar ao Cavaleiro das Trevas. Assim, não dá.
Porém, quando nos debruçamos sobre o tema, uma das conclusões a que chegamos é que o fanboy não nasce por obra e graça de Nosso Senhor. Existe todo um processo arquitectado pelos meios de comunicação – sejam eles quais forem –, que se reflecte na expectativa com que o espectador entra na sala de cinema. Desde o suscitar interesse, passando pela maturação da curiosidade, até à vontade cega de adquirir o bilhete de modo a confirmar as esperanças, a Internet é cada vez mais um peão com que os estúdios têm de saber jogar – bem vistas as coisas, dada a sua importância, a Internet está mais para torre do que peão. E, se houve filme que soube jogar com isto, foi The Dark Knight. Mais tarde regressaremos a este tema.
Agora, com a estreia de um dos filmes mais antecipados do ano, abre-se espaço para outros. Porque a História repete-se, e o ciclo diz-nos que é imperativo continuar a alimentar planícies, de maneira a que estas se transformem em montanhas – receio que o desagrado não seja suficientemente notório. E, ou muito nos enganamos, ou Inglorious Bastards será o eleito para preencher a vaga. A rambóia começou a semana passada, quando o argumento passou pelas mãos de alguns produtores executivos. O facto de o argumento ser apenas um amontoado de folhas (felizmente, muitas vezes, este amontoado de folhas é o que salva um filme), não impediu que alguns sites já tenham dito coisas como:
“Hands down, the script was the most enjoyable read of the year for me so far. If you took the bad guy swagger of Reservoir Dogs, the uber coolness and structure of Pulp Fiction, throw in the revenge angle of Kill Bill, set it in World War II – you get Inglorious Bastards”. – Latino Reviews.
“If anyone is crazy enough to fund it, this movie is gonna be awesome. All in all, it reads like Kill Bill meets The Dirty Dozen meets Cinema Paradiso”. – Volture.
Esta semana, a Variety já se lançou noutro tema. O casting. Enquanto Brad Pitt está quase certo como Aldo Raine, DiCaprio é uma forte possibilidade para o papel de Hans Lada. Quando se encontram tantos motivos para falar de um filme, a tanto tempo da sua estreia, é porque, lá mais para a frente, isto vai ser um chavascal. Teasers, posters, trailers, featurettes, entrevistas. A parafernália toda. Tarantino merece toda a atenção. Agora, tudo com conta, peso e medida. Não queremos ser acusados de criar monstros.
2 comentários:
Alvy, perdoe-me a minha ignorância inocente dos 17 anos, mas será que me poderia explicar o que é um fanboy? Pelo que percebi do post, está relacionado com alguém que gosta de estragar surpresas.
eu sou uma grande admirador do senhor Tarantino, por isso mesmo que seja demasia e já não o possa ver na frente, nem mesmo pintado de ouro, irei sempre ao cinema, sentar-me e esperar por levar uma estalada na cara, como é normal. Sempre dá para acordar.
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