10 de agosto de 2008

Concentrado de Nárnia.

No intervalo de uma semana, tive oportunidade de ver As Crónicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (Andrew Adamson, 2004), como preparação para o segundo capítulo, actualmente em exibição nas nossas salas; ver esse tal segundo tomo, As Crónicas de Nárnia: Príncipe Caspian (Andrew Adamson), e lançar-me na leitura daquele que é o primeiro livro da saga narniana, As Crónicas de Nárnia: O Sobrinho do Mágico. Durante uma semana, isto é que tem sido dedicação e entrega ao legado de C.S. Lewis. Duvido que, nos últimos dias, tenha existido maior entusiasta do universo para além do guarda-roupa do que Alvy Singer. De um lado, o diabinho de Harry Potter, a dizer que mundos mágicos só em Hogwarts. Do outro, um anjo em forma de fauno, a dizer que a fantasia de Nárnia não existe em mais lado nenhum.

No cômputo geral, ambos pareceram títulos sólidos e bem conseguidos. Sem ter lido qualquer uma das obras que estiveram na base destes filmes, será impossível avaliar o rigor da adaptação, e saber até que ponto as versões cinematográficas estão fiéis aos livros. Contudo, após sondagens recolhidas à boca das urnas, a opinião de que Adamson está a respeitar os originais é maioritária.

Sobre os filmes, dizer que não há grandes alterações entre o primeiro e o segundo é somente meia-verdade. Isto porque o primeiro filme não perde muito tempo com o mundo real – o segundo mal lhe toca. No entanto, só recentemente fiquei a saber que é em O Sobrinho do Mágico que a grande parte das coisas é aclarada. Como, por exemplo, a origem de Nárnia. Como O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa não se preocupa por aí além com a contextualização, ambos os filmes acabam por seguir um pouco a mesma fórmula. Imaginação, acção, meia bola e força. Num primeiro momento da história, ninguém parece realmente seguro das suas capacidades. Um pouco da síndrome Eu nem devia estar aqui, que tenho outros afazeres. No entanto, um sentido de responsabilidade e justiça superior, apanágio dos grandes líderes e heróis, emerge entretanto. Os maus ficam piores. Os bons, melhores. A batalha prepara-se. Os técnicos de efeitos especiais entram em campo, e temos clímax. Dito desta forma, até parece que tudo isto não passa de um exercício matemático, e que estes são apenas mais dois títulos com finais previsíveis a acrescentar a um extenso rol. Longe disso.

Estes são dois belos filmes Disney, com ténues diferenças entre si. No entanto, ressalta a ausência de um vilão mais presente em o Príncipe Caspian, bem como um aumento notório de agressividade, do primeiro para o segundo. A certa altura, dei por mim a pensar que este seria provavelmente o filme Disney mais violento da História. Hoje, a dúvida persiste. Quando um dos protagonistas decapita um adversário, e a cabeça ainda rola no chão durante uma fracção de segundo, é porque não estamos perante uma obra dos oito aos oitenta e oito. Ainda assim, é certo que faz bem a uma criança ver que o mundo está longe de ser um mar de rosas. No entanto, isto pode ser particularmente confuso quando temos esquilos falantes. Acima de tudo, parece-nos que são duas obras extremamente satisfatórias, e bastante semelhantes entre si. O que, parecendo que não, é um elogio. É preciso recorrer ao photo finish para ver qual dos dois se chega à frente. A verdade é que, no final de tudo isto, fiquei com vontade de ler os sete livros, e água na boca para a próxima adaptação. Por Nárnia!

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