A ideia era chegar aqui, e dissertar afincadamente sobre O Incrível Hulk. No entanto, tal não será possível. Pelo menos, não da forma habitual. Mesmo não gostando do filme, o ideal é sair da sala sempre com uma ideia formada. Chegados cá fora, por muito indecisos que estejamos relativamente a um ou outro desempenho, ou a uma ou outra passagem, normalmente, já somos capazes de afiançar thumbs up ou thumbs down. Não é saudável chegar ao fim da película e achar que aquilo não é suficiente para formar uma opinião. Mesmo que má. Porém, foi exactamente isto que aconteceu com o mais recente filme de Edward Norton. Quase dois dias depois, continuo sem saber se gostei ou não. Talvez isto tenha sido mais ou menos aquilo que Fernando Pessoa sentiu, quando um golo de Coca-Cola passou-lhe pela primeira vez no estreito. De qualquer forma, e isso é a parte pior, ainda não cheguei à fase do entranha-se. Hoje, O Incrível Hulk continua a apresentar-se como uma fita estranha. Como se um véu percorresse a obra, e escondesse tudo aquilo que vai para além das aparências. Até prova em contrário, o filme afigura-se como um enorme hábito, feito de sombras e silhuetas, onde nada é posto a descoberto.
Uma coisa é redefinir fórmulas e inovar. Outra, completamente diferente, é pegar em diferentes modelos, e conglomerá-los num único filme, a ver se pega. O problema de Hulk é que isso nem sempre acontece. Se o objectivo era fazer um filme de aventura, podemos dizer que, em parte, o mesmo foi atingido. No entanto, também podemos dizer que Louis Leterrier esteve perto de fazer um drama, um filme de acção, ou até mesmo um romance mal dissimulado. No final, se calhar até nos sentimos tentados a felicitar o argumento de Zak Penn. No entanto, para sempre ficará a dúvida de se o filme não teria mais a ganhar se tivesse optado por abrir menos portas. Pretendendo não projectar falhas pessoais em terceiros, não culpabilizarei a divagação do filme pela indecisão relativamente à sua qualidade. Mas, convenhamos que é chato começar a sentir que a adrenalina vai subir, para logo em seguida a narrativa amainar e vermos Liv Tyler com um pijama e toalhas na mão para Bruce Banner, a quem diz, antes de dormir, Espero que consigas descansar. Tendo o título a palavra incrível, talvez a expectativa criada em torno do filme não tenha sido a mais correcta.
De realmente incrível, existem duas coisas. Os efeitos especiais, e o cameo no final. Se os primeiros ajudam a trazer alguma autenticidade que falta em muitas obras do género, o último é uma verdadeira lufada de ar fresco numa história demasiado negra, sem pingo de humor. O olhar de Banner é sempre pesado, não dando o mínimo espaço para o relaxamento. Todo um mal-estar que passa para o lado de cá. Nem no mais intenso dos Hitchcock se vive esta tenção. Bem, com isto tudo, até parece que estamos a chegar a uma conclusão mais negativa. Quem sabe? Acima de tudo, esperava-se outra coisa. Melhor ou pior, só o tempo o dirá. No entanto, uma coisa é certa. Poucos filmes acabam com a agilidade deste. Quando estávamos prontos para outra, é que o carrossel acaba.
1 comentário:
O cameo final também foi do que mais gostei só aí dá para ver a diferença entre Iron Man e este The Incredible Hulk.
De qualquer das maneiras gostei é bem melhor que um Ghost Rider ou um Daredevil aí saímos do cinema e não temos dúvidas em dar um thumbs down.
Abraço
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